27/08/2017

Por Ecam

Quilombolas do Maranhão recebem capacitação em Google Earth e ODK

Quilombolas do Maranhão recebem capacitação em Google Earth e ODK

O Quilombo Frechal está localizado na Reserva Extrativista (Resex) Quilombo Frechal. No início dos anos 1990 a criação de uma Resex foi a maneira encontrada pelas lideranças locais para garantir o direito à terra. Hoje cerca de 1.300 quilombolas vivem na Resex, distribuídos nos quilombos Frechal, Deserto e Rumo.

E foi justamente no Frechal que jovens, lideranças, representantes da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) e técnicos da Equipe de Conservação da Amazônia (Ecam) e do Google Earth Solidário se reuniram nos dias 24, 25 e 26 de agosto. Em duas turmas, os participantes foram capacitados para o uso do Google Earth e do Open Data Kit, o ODK.

Essa capacitação faz parte do Programa Novas Tecnologias e Povos Tradicionais, atualmente realizado pela Ecam em parceria com o Google Earth Solidário e Conaq, tendo a USAID como agência financiadora.

O uso das ferramentas

O Google Earth e o ODK são tecnologias gratuitas e acessíveis. Essas características permitem que os próprios quilombolas façam seus levantamentos e sistematizem as informações sobre a sua realidade.

O Google Earth é um programa instalado no computador ou notebook. É bem didático e disponibiliza imagens, estradas, fronteiras e outras informações que facilitam o mapeamento. As comunidades que usam o Google Earth podem inserir informações sobre o seu território, como elementos culturais, infraestrutura, o uso da terra (caça, pesca, roça, etc.), entre outros. Todas essas informações podem resultar em um Mapa Cultural, feito diretamente no Google Earth pelas próprias comunidades, estimulando a autonomia e um uso mais aplicado das ferramentas. “Pena que passou muito rápido, mas aprendemos bastante. Agora podemos mapear áreas importantes para a gente. Podemos mapear áreas de mata que sofrem com desmatamento, por exemplo, ou os rios e suas nascentes”, lembra a cursista Rosilene Gomes.

O ODK permite que sejam realizados, por meio de smartphones e tablets, levantamentos e organização de dados. É possível construir formulários para pesquisa, coletar as informações em campo e organizar os dados em formatos úteis para a visualização. Conforme o interesse de cada comunidade é possível coletar informações sobre socioeconomia, invasões em áreas protegidas ou volume de produção, por exemplo.

Lucas Araújo trabalhou com o ODK e gostou bastante: “Aprendi muitas coisas novas e vamos usar bastante a ferramenta. Foi uma aprendizagem até rápida. Eu nunca tinha aprendido uma coisa tão rápido assim. Eu gostei muito da maneira que a gente pode ir fazendo a pesquisa com as pessoas. Foi bem legal”.

Colocando em prática o que foi aprendido

Trinta e uma pessoas foram capacitadas. E esse grupo já está apto para trabalhar nos levantamentos de campo. Por isso, ao final da capacitação, no dia 26 de agosto, foi definida uma agenda de trabalho. Os cursistas farão mutirões de levantamentos de dados.  Os Quilombos Frechal, Deserto, Santiago, Santa Tereza, Bom Viver, Porto Nascimento, Colônia e Graça de Deus receberão a visita dos jovens, que irão usar o ODK para fazer um levantamento socioeconômico e o Google Earth para mapear pontos importantes da história das comunidades e dos desafios que enfrentam hoje em dia.

No ODK, o grupo utilizará um formulário para levantamento de dados que foi organizado pela Conaq. Esse formulário deverá ser aplicado em quilombos de diversos lugares do Brasil. Com esses dados, os quilombolas e a Conaq construirão um banco de dados. “Para nós é de suma importância ter esse diagnóstico das comunidades quilombolas do Brasil, porque teremos condição de conhecer a realidade dessas comunidades e reivindicar mais políticas públicas”, avalia Célia Pinto, Coordenadora Nacional da Conaq – Representante do Maranhão.

O Programa Novas Tecnologias e Povos Tradicionais

Desde 2007 o Programa Novas Tecnologias e Povos Tradicionais vem apoiando povos indígenas, quilombolas e pequenos produtores nas práticas relacionadas ao uso sustentável de seus territórios. Para ampliar o potencial dessa iniciativa, acaba de ser aprovado o projeto Comunidades indígenas e outros Atores Relevantes Melhor Protegem seus Territórios e Outros Recursos Naturais. O projeto terá quatro anos. Teremos oficinas para compartilhar conhecimentos sobre o Google Earth e o ODK e assessoria técnica no uso das ferramentas. O projeto é possível graças ao apoio generoso do povo americano, por meio da USAID. A Ecam realizará o projeto, com a parceria do Google Earth Solidário. São parceiros das ações a Natura e o Imaflora.

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