Apoiando comunidades tradicionais na gestão de seus territórios
Mais de 650 mil famílias se declaram povos tradicionais no Brasil, de acordo com um levantamento realizado pelo Ministério Público Federal. Esse dado abrange quilombolas, indígenas, ribeirinhos, extrativistas, pescadores, entre outros povos que preservam sua cultura, ancestralidade, organização social e um vasto saber, passado de geração em geração.
Mas o que muita gente ainda não sabe é que todo esse conhecimento, alinhado às novas tecnologias, está trazendo grandes benefícios às comunidades tradicionais em temáticas relacionadas ao autoconhecimento e gestão de territórios, por meio da utilização de ferramentas como: Google Earth, Open Data KIT (ODK) e YouTube.
Mas afinal, como essas ferramentas podem ser úteis?
Google Earth: o mundo a um clique
O Google Earth é uma plataforma que possibilita “viajar” pelo globo e fazer mapeamentos de qualquer lugar do mundo. Por lá, você encontra imagens de satélites que servem tanto para monitoramento, como de base para inserir informações locais, espaços de habitação, de produção, entre outros dados relevantes. Com isso, as comunidades podem construir o mapa de seus territórios para identificar costumes e atividades realizadas no passado, perceber como estão inseridas na atualidade e, com isso, criar estratégias para planejar o futuro.
Open Data Kit (ODK)?
O nome é difícil, mas garantimos que a ferramenta é super simples. O ODK é nada mais que um conjunto de ferramentas que podem ser instaladas em dispositivos móveis para coletar dados. De forma bem prática, com essas ferramentas, as comunidades podem criar um tipo de formulário para descobrir informações que gostariam de saber sobre a sua região (Ex: recursos naturais existentes, volume de produção, características culturais e até possíveis invasões em áreas protegidas).
Com o formulários construídos, o próximo passo é ir para campo para coletar as informações (utilizando o sistema operacional Android, um simples celular, por exemplo) e enviar a um servidor para armazenamento. Assim, os dados poderão ser posteriormente baixados e analisados, com a finalidade de encontrar possíveis dificuldades, potencialidades e até para sinalizar no mapa do território. Detalhe: não é necessário o acesso à internet na hora da coleta, apenas para enviar e baixar as informações.
YouTube
Não importa se você é de uma grande cidade ou de um povoado distante, ao disponibilizar o seu conteúdo em uma plataforma tão acessível como o YouTube, você tem a chance de ser ouvido de qualquer lugar do mundo. E é nesse sentido que essa ferramenta tem se tornado um meio fundamental para dar voz às comunidades tradicionais mostrarem realidades diferentes, culturas e até mesmo reivindicações. O canal Arqmo Identidades, por exemplo, é produzido por comunidades quilombolas e foi criado para contar suas histórias, saberes, dificuldades, além de curiosidades. Dica do dia: vale muito a pena conferir.
E o que o Programa Novas Tecnologias tem a ver com tudo isso?
Todas as ferramentas comentadas aqui são utilizadas no Programa Novas Tecnologias. Essa iniciativa foi criada para apoiar povos e comunidades tradicionais na elaboração de mapeamentos e em grandes levantamentos de dados socioeconômicos. Desde a sua concepção, contou com mais de 800 pessoas, de diferentes estados da região amazônica, capacitadas em oficinas de Google Earth, ODK e Youtube.
Quer saber mais sobre o Programa? A Ecam desenvolveu um site, junto ao Google, que disponibiliza de forma didática todos os materiais e ferramentas das capacitações. Acesse: https://sites.google.com/earthoutreach.org/amazon/home?authuser=0
Foto: Vanessa Eyng/oficina do Programa Novas Tecnologias realizada no Quilombo Frechal – MA
O Programa Novas Tecnologias é fruto da parceria entre Ecam, Google Earth Outreach e a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) – que em algumas atividades contou com o apoio da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais (CONAQ).
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Equipe Ecam
Todos os postsAtuando pela integração entre o desenvolvimento socioeconômico e o equilíbrio ambiental, a Ecam desde 2002, busca promover ações inovadoras, motivadas pelo interesse da sociedade e alinhadas à conservação do meio ambiente.