Conheça o Projeto Pecuária Sustentável
Por que iniciar um projeto de pecuária sustentável
O pasto avança sobre a floresta trazendo prejuízos ambientais incontáveis e, ao mesmo tempo, compromete a produtividade do produtor rural. E é exatamente por isso que a nossa proposta traz um modelo de negócio que objetiva contribuir diretamente para a continuidade, melhoramento, consolidação e escalonamento de práticas sustentáveis em pecuária.
Acreditamos que a implementação de um sistema de integração produtiva, neste caso um sistema agroflorestal (SAF), pode ser um fator chave para alcançar essa finalidade – apesar de não se tratar de uma solução definitiva para o objetivo como um todo, mas um importante passo, que pode fazer toda a diferença.
O objetivo é que esse sistema seja introduzido em propriedades rurais onde a pecuária predomina como atividade econômica, mas que já não se sustenta do ponto de vista financeiro e ambiental, uma vez que é pautada no ciclo: esgotamento de atuais áreas de pasto e abertura de novas áreas (desmatamento) de pasto.
O Projeto Piloto da Pecuária Sustentável
O primeiro passo para a implementação dessa nova metodologia foi iniciar um projeto piloto de pecuária sustentável em Oriximiná-PA, onde foram reunidos 14 produtores rurais, que têm como principal fonte de renda a pecuária, incluindo leite e corte em propriedades pequenas, médias e grandes. Com esse público, pudemos trabalhar com os três pilares da sustentabilidade: ambiente, economia e sociedade.
Durante 3 anos de trabalho na implementação de práticas sustentáveis na pecuária, obtivemos muitas lições e excelentes resultados, tanto do ponto de vista ambiental, focado na redução do desmatamento na região e no desmatamento zero dentro das fazendas, quanto econômico, visto nos índices de produtividade de cada produtor. Foi possível constatar nessas fazendas a interrupção do processo de desmatamento, regeneração de cobertura vegetal e ganhos expressivos de produtividade.
Diante desses resultados, percebemos que é possível pensar em estratégias sustentáveis, mesmo para uma atividade como a pecuária, principal vetor do desmatamento na Amazônia e em outros biomas, como o Cerrado. Mas ações desse tipo precisam se consolidar, precisam ter meios e condições de continuidade e replicabilidade.
Percebe-se que o conceito de sustentabilidade tem sido lentamente absorvido nesse ramo, mas facilmente perdido diante da primeira dificuldade ou ausência do projeto. É isso que queremos evitar com esse novo modelo de integração, o qual pode dar suporte e/ou ser o próximo passo da atual metodologia de pecuária sustentável que desenvolvemos.
Pode-se dizer que nossa metodologia transforma a pecuária em um atividade sustentável com:
a) mobilização de atores locais;
b) diagnóstico socioambiental;
c) assessoria técnica de manejo;
d) assessoria ambiental;
Esse é um processo que envolve questões importantes de construção de relações de confiança, quebra de paradigmas e controle de indicadores socioeconômicos e ambientais, etc. Então, o próximo passo foi refletir sobre o que torna esses resultados tão sensíveis e de fácil reversão. O que poderia contribuir para que estes produtores continuassem com tais práticas de pecuária intensiva e melhorassem sua perspectiva sobre os recursos naturais mesmo sem a presença do projeto?
Por se tratar de uma mudança de postura e de práticas recentes, pode se reverter caso qualquer contratempo ocorra – climático e/ou financeiro – na ausência de uma assessoria técnica. Nesse caso, a solução proposta é pensar em uma atividade que exija outras práticas de mediação entre trabalho e ambiente e dessa forma promover uma variabilidade nas fontes de renda. Em outras palavras, renda variada e educação ambiental na prática.
A construção de mecanismos financeiros para dar continuidade às ações
A introdução do SAF como sucessão de uso nas áreas de antigas pastagens pode evitar processos de degradação que impactam as demais áreas que já estão em recuperação. Aqui, nos referimos às possibilidades de uso e ocupação de áreas dentro dessas fazendas que já não estão em uso produtivo pois não fazem parte da intensificação.
Mas sabemos que a implantação de SAF nessas áreas poderia cair na mesma fragilidade mencionada anteriormente sobre os resultados da pecuária sustentável, ou seja, com o distanciamento da assessoria e surgimento de dificuldades, o sistema pode retroceder também. Neste ponto, um mecanismo financeiro mais eficaz pode manter os resultados da pecuária sustentável e do SAF.
Assim, foi percebido que antes de iniciar o projeto piloto, as áreas de atuação apresentavam uma taxa de desmatamento de 5% observada entre 2014 e 2017. Mas depois de três anos (2017 a 2019) de assessoria técnica e de implementação de práticas sustentáveis, dentro da pecuária, a taxa de desmatamento foi zerada e novos pontos de regeneração começaram a surgir. Esse é um resultado significativo de reversão e de transformação de um processo de desmatamento para uma área com todo potencial para ser novamente utilizada.
Síntese do modelo:
〈Pecuária Sustentável〉 | 〈Introdução SAF〉 | 〈Mecanismos Financeiros〉 |
O primeiro passo do modelo é a melhoria da infraestrutura. Depois um processo um longo de assessoria técnica para que o produtor entenda e desenvolva formatos mais sustentáveis em suas propriedades. E, por último, temos o monitoramento da evolução de cada um.
Como o intuito do modelo é promover a sustentabilidade como um todo, nossos resultados vão do aumento da produção animal, em uma mesma área da propriedade, redução do desmatamento a partir do fim de abertura de novas áreas, recuperação de área degradadas, recuperação de mananciais, melhoria na qualidade de vida animal, com aumento do ganho de peso, e melhoria na qualidade de vida humana.
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Equipe Ecam
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