Educação e Pesquisa: Importância dos Povos e Comunidades Tradicionais no desenvolvimento científico
Que a pesquisa científica é uma necessidade nacional nós sabemos (apesar de uma parcela da população negar, o que é insano). Mas você sabe da importância dos Povos e Comunidades Tradicionais no desenvolvimento dessas pesquisas?
Povos e Comunidades Tradicionais vivem protegendo seus territórios e seus recursos naturais. São esses territórios e os conhecimentos de quem vive neles que subsidia a “invenção e a descoberta” de novos medicamentos, curas, cosméticos e muito mais. Invenção e descoberta em “aspas” porque na verdade essas comunidades sempre fizeram usos dos recursos naturais com essas finalidades no seu dia a dia em suas comunidades, mas com a entrada de pesquisadores de fora esses usos passaram a ter dimensão nacional e internacional.
Alguns dos medicamentos mais populares do mundo devem muito ao conhecimento indígena sobre a natureza. De lombriga a malária, a floresta ajudou a dar a cura (Super Interessante, 2013). São nesses territórios dos povos e comunidades tradicionais que se encontra grande parte das plantas medicinais que são feitos os medicamentos e também se conhece os usos dados por essas comunidades por meio de conhecimentos ancestrais passados de geração em geração.
Mas não é apenas o conhecimento científico tradicional e os recursos naturais preservados por essas comunidades que apoiam a pesquisa científica.
A inserção dos Povos e Comunidades Tradicionais nas universidades tem aumentado ano após ano e tem trazido olhares diferentes e fundamentais para o desenvolvimento científico. Apesar de o número ainda não ser o suficiente (pensando na proporção que essas comunidades são em relação ao total da população no país), teve aumento significativo nos últimos anos com o apoio de políticas afirmativas para a inserção desses grupos nas universidades.
É necessário que esses processos de inclusão nas universidades pelas comunidades tradicionais se fortaleçam e não se fragmentem ainda mais (como por exemplo, com os cortes assustadores propostos pelo governo para a educação). O acesso à educação nas universidades tem viabilizado que essas comunidades possam realizar por elas mesmas suas pesquisas e ciências, recebendo os devidos méritos pelas descobertas e avanços científicos e não sendo apenas uma fonte de conhecimento para ciência. Essas comunidades estão sendo cada vez mais protagonistas desse desenvolvimento científico e não mais “objetos de estudo”, como foram tratadas por muito tempo.
Que tenhamos cada vez mais indígenas, quilombolas, ribeirinhos, pescadores artesanais, extrativistas e muitos outros Povos e Comunidades Tradicionais fortalecendo o Brasil e o mundo nas pesquisas e desenvolvimentos científicos! Lutemos pela Educação!
Aviso: O conteúdo do texto é de responsabilidade de seu autor e não exprime, necessariamente, o ponto de vista da Ecam.
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Meline Machado
Todos os postsGeógrafa e mestre em Gestão Ambiental e Territorial (tendo como eixo temático: cartografia étnica do território nacional) e está na coordenação do Programa Novas Tecnologias e Povos Tradicionais na Ecam.