Mapeamento cultural: o que é e qual o seu propósito
Entenda o que é um mapeamento cultural, sua importância para comunidades tradicionais e como é feito.
O que é o Mapeamento Cultural Colaborativo
Um mapa cultural é um instrumento que tem como objetivo demonstrar aspectos culturais, históricos e costumeiros de um povo e de sua região. Em outras palavras, essa ferramenta possibilita resgatar e registrar valores que mapas comuns geralmente não apresentam.
O mapeamento cultural pode ser realizado em diferentes realidades, e seja qual for o lugar e a situação, é fundamental que a comunidade e seus representantes conduzam e participem ativamente de todo o processo, com o apoio de uma equipe técnica e de instituições parceiras.
Mas vale ressaltar que, antes de dar qualquer passo, é muito que a comunidade tenha e reconheça a necessidade de participar dessa experiência.
Por que é importante
O mapeamento cultural possibilita à comunidade conhecer mais sobre a sua terra, ancestralidade, tradição e contribui para o fortalecimento da sua identidade cultural. Com o mapa em mãos, ela tem uma visão integrada do território, que poderá apoiar na criação de diretrizes internas de organização, no reconhecimento de demandas importantes e na reivindicação de ações para a melhoria da qualidade de vida.
Por isso, é fundamental a participação direta das comunidades nos processos de coleta, análise, debate e sistematização das informações. E para isso, elas passam previamente por oficinas de capacitação oferecidas pela equipe técnica, geralmente formada por geógrafos, antropólogos e demais especialistas que possa precisar no decorrer do processo.
Como é feito
Antes de tudo é importante que a comunidade entenda o trabalho e as formas de participação. Depois, escolherá, junto a equipe técnica, a área a ser pesquisada e o que será representado no mapa. O próximo passo é receber as oficinas de capacitação que auxiliarão na realização do trabalho.
Todo esse processo faz parte de uma metodologia que possui três etapas. Confira a seguir:
1° Etapa: Coletar informações com os moradores da área de pesquisa e incluir esses elementos nos mapas.
2° Etapa: Corrigir, junto com a comunidade, as informações já obtidas e coletar as que ainda estejam faltando. Esse processo pode ser realizado mais de uma vez, até que se obtenha um resultado satisfatório.
3° Etapa: Apresentar o resultado do trabalho – o mapa propriamente dito – às autoridades, aos parceiros, à comunidade e suas lideranças e demais interessados.
Alguns potenciais usos que os mapas culturais colaborativos podem ter para os povos tradicionais:
- Projetos de etnodesenvolvimento baseados nos saberes tradicionais;
- Planos de manejo sustentável e autonômicos;
- Documentos para defesa do território, gestão territorial e ambiental;
- Planejamento comunitário em suas relações com o Estado: por exemplo, demanda por projetos de geração de renda ou segurança alimentar;
- Proteção dos conhecimentos tradicionais: registro das formas de uso de recursos naturais conforme os lugares em que ocorrem;
- Educação escolar diferenciada: apoio para produção de material didático e paradidático.
Experiência com povos indígenas
Uma das primeiras experiências da Ecam com mapeamento cultural colaborativo foi com os povos indígenas do Parque Indígena do Xingu, quando a Ecam ainda se chamava ACT Brasil – sigla que em inglês significa Equipe de Conservação da Amazônia.
Essa e outras experiências resultaram no desenvolvimento de uma metodologia viva, adaptável, e na publicação “Metodologia do Mapeamento Colaborativo”, conteúdo que originou esse blog post. Tenha acesso ao material completo AQUI.
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Equipe Ecam
Todos os postsAtuando pela integração entre o desenvolvimento socioeconômico e o equilíbrio ambiental, a Ecam desde 2002, busca promover ações inovadoras, motivadas pelo interesse da sociedade e alinhadas à conservação do meio ambiente.