20/12/2024

Por Ecam

Imersão cultural e social marca visita da Ecam a projetos na Bahia

Imersão cultural e social marca visita da Ecam a projetos na Bahia

Encontro visou conhecer projetos que unem cultura, meio ambiente e geração de renda.

Entre os dias 4 e 6 de dezembro, a Ecam realizou uma visita a projetos sociais no estado da Bahia. A iniciativa teve como objetivo acompanhar o andamento de ações apoiadas pela organização, fortalecer laços com as comunidades locais e ampliar as perspectivas de novas iniciativas.

No dia 4 de dezembro, a equipe foi recepcionada de forma calorosa pela comunidade local. A programação teve início com uma roda de capoeira infantil organizada pela Associação Elas Negras Conexões. A data coincidiu com o Dia de Santa Bárbara, o que trouxe ao evento o simbolismo do acarajé, tradicional alimento da cultura afro-brasileira. Para encerrar o dia, uma roda de samba de Chula animou os visitantes, evidenciando a força da cultura local e o sentido de identidade coletiva.

O dia 5 de dezembro foi marcado por uma visita à cidade histórica de Cachoeira, considerada um símbolo de resistência negra e quilombola. A atividade incluiu reflexões sobre o papel da cidade na independência da Bahia e do Brasil. O passeio reforçou a importância da memória e da cultura na formação da identidade das comunidades locais, promovendo debates sobre o futuro das localidades.

No dia 6 de dezembro, a Ecam teve a oportunidade de vivenciar o cotidiano das marisqueiras locais. Juntas, as mulheres lideram a “Patrulha das Águas”, um movimento de monitoramento ambiental. A equipe participou da coleta de sururu, mariscos e mexilhões, experimentando os desafios do trabalho no mangue na prática.

Camilla Pinheiro, coordenadora de projetos da Ecam, destacou a importância da experiência. “Foi uma experiência transformadora ver de perto o trabalho das marisqueiras e perceber a importância que tem os projetos na construção de alternativas de renda e segurança alimentar”, afirmou.

Na hora do almoço, o sururu foi o protagonista, servido em um prato que simboliza a cultura alimentar local. O momento também serviu para apresentar o projeto Sururuelas, que promove a produção de biojoias feitas a partir das conchas de sururu, garantindo renda extra e estimulando a criatividade das mulheres locais.

Perspectivas

Durante uma roda de conversa, os moradores compartilharam suas experiências e percepções sobre a visita. Patrícia França Luiz Santos, moradora da comunidade de Santiago do Iguáquio, destacou a importância de iniciativas de mobilização e fomento de atividades para as localidades. “Nasci e me criei aqui, sou mãe de um filho e os projetos nesse grupo estão sendo muito importantes para mim. Estou aprendendo muitas coisas e tudo que estou vivendo está valendo a pena. Com o Sururuelas, aprendi a fazer biojoias e continuo aprendendo. Com o ‘Amor no Prato’, nosso projeto solidário mapeamos as pessoas de baixa renda e temos preparado quentinhas e distribuído no almoço. Isso me deixa muito orgulhosa”, ressaltou.

Outro depoimento veio de Edson Machado da Cruz, conhecido popularmente como Edson Chea ou Sabrina Cliciandes, professor de dança e articulador cultural na comunidade de Quilombola de Santiago do Guarapi. “Esse projeto é de suma importância para nós moradores, pescadores e marisqueiros e vem para ver uma somatória assim de grande importância, de participação. Ele movimenta a comunidade, os jovens e a população LGBTQIA+. Além disso, o apoio possibilita o aproveitamento de materiais de forma sustentável, o que pode trazer até fins lucrativos”, pontuou.

Ao final da visita, foi anunciado o início de um novo projeto focado em jovens e na população LGBTQIA+ da comunidade. Rosa Negra, uma das lideranças presentes, destacou a necessidade de diversificar as fontes de renda e promover a autonomia da comunidade. “A nossa missão é muito grande dentro das comunidades, que é transformar essas vidas de forma que os impactos sejam visíveis. Quando você tem um projeto, uma ação aumenta o compromisso das pessoas. O desmatamento dos mangues e a degradação da água tornam nossas famílias mais vulneráveis, por isso precisamos investir em capacitação e novas oportunidades”, afirmou.

Compromisso

A visita da Ecam à Bahia reafirmou o compromisso da organização com as comunidades negras e quilombolas do país. Os três dias de imersão cultural e social evidenciaram o potencial transformador de projetos que unem cultura, meio ambiente e geração de renda. Cada experiência vivida contribuiu para fortalecer o sentido de pertencimento e a luta coletiva, apontando novos caminhos para a promoção da sustentabilidade nas comunidades visitadas.

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