Por Ecam
Agro em clima de Mudança: Debate destacou desafios e oportunidades rumo à COP30
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Evento discutiu a viabilidade de inserção da agricultura familiar no mercado climático e contou com a presença de representantes do MAPA, IICA, Sebrae, Embrapa, e especialistas do setor
Nesta quarta-feira (12/02), a ReSeed Carbon e a Ecam, em parceria com o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) promoveram um Café da Manhã com Debate para discutir a inserção do setor agropecuário e em especial da agricultura familiar no mercado climático. O evento reuniu especialistas, representantes do governo, setor privado e outras entidades para debater as barreiras, soluções e estratégias para a participação do agro na agenda climática global, com foco na COP30.
O Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) teve um papel central no evento, trazendo contribuições estratégicas para fortalecer a conexão entre o setor agropecuário e as políticas climáticas globais. Como parceiro na iniciativa, o Coordenador Regional do IICA, Gabriel Delgado, reforçou sua missão de apoiar os países na formulação de políticas que impulsionem uma agricultura mais sustentável e competitiva.
O Papel do Agro na Gestão de Carbono
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Na abertura do evento, Vasco Van Roosmalen, CEO da ReSeed, destacou o papel estratégico do agro no contexto climático:
“Os agricultores são grandes gestores de carbono, pois atuam na manutenção de estoques no solo, nas florestas e nas produções. No entanto,menos de 1% dos créditos de carbono globais vêm dos sistemas alimentares, mostrando um potencial inexplorado. Precisamos de metodologias que reconheçam o
sistema como um todo, garantindo que os produtores sejam devidamente valorizados.”
O debate ressaltou a necessidade de avançar na construção de metodologias e modelos que reconheçam a remoção e retenção de carbono na agropecuária, assegurando benefícios diretos aos produtores rurais.
Desafios Regulatórios e Financiamento
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A ausência de protocolos reconhecidos internacionalmente para a mensuração de emissões e remoções de carbono no agro foi um dos pontos centrais da discussão. Eduardo Bastos, Presidente da Câmara Temática de Agro Carbono Sustentável do MAPA, destacou o descompasso do Brasil em relação ao mercado internacional:
“Infelizmente, o Brasil ainda não está pronto para o mercado de carbono. Ele foi estruturado no hemisfério norte e exige comprovação científica robusta, além de certificações que muitas vezes não consideram nossa realidade produtiva.”
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Além disso, o alto custo da certificação foi apontado como um entrave para pequenos e médios produtores. Uma alternativa viável, segundo Bastos, é a certificação coletiva por meio de cooperativas e associações, viabilizando o acesso ao mercado. O financiamento da transição para uma agropecuária de baixa emissão também esteve no centro do debate. Humberto de Mello Pereira, secretário executivo de Agricultura Familiar, Povos Originários e Comunidades Tradicionais do Mato Grosso do Sul, apresentou o
Programa Carbono Neutro para Agricultura Familiar:
“Nosso objetivo é tornar o Estado carbono zero até 2030. Estamos estruturando um modelo que envolve 800 agricultores familiares, garantindo viabilidade econômica por meio da certificação de agroflorestas.”
O Agro na COP30
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José Ângelo Mazzillo, consultor de finanças da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) trouxe uma reflexão sobre a sustentabilidade no setor agrícola e a importância de um diagnóstico preciso:
“Se queremos avançar, precisamos compreender a realidade do pequeno produtor e estruturar políticas públicas que garantam acesso aos mercados de carbono. Sem um arcabouço regulatório sólido e incentivos adequados, a sustentabilidade continuará sendo um conceito distante para muitos.”
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A inclusão do agro na agenda da COP30 foi destacada como uma oportunidade para o Brasil reforçar sua posição no cenário climático global. Segundo Renata Miranda, diretora de Inovação da Embrapa, o país precisa ampliar o debate sobre outros ativos ambientais:
“O mercado de carbono ainda é focado apenas na compensação de emissões, mas precisamos ampliar essa visão para incluir a valorização dos serviços ecossistêmicos, como hidrologia, biodiversidade e preservação do solo.”
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Já Pedro Cavalcante, do Sebrae, ressaltou a importância do apoio a pequenos e médios produtores na transição para um modelo de agropecuária sustentável:
“A inclusão do pequeno produtor no mercado climático é crucial, e o Sebrae está aqui para apoiar a
estruturação de soluções que viabilizem essa participação, proporcionando o acesso a crédito, capacitação e a abertura para novos mercados. O Brasil pode se destacar globalmente, mas para isso, é preciso garantir a equidade e viabilidade econômica de todos os envolvidos.”
Dentre as soluções apresentadas, o Protocolo de Carbono Social da ReSeed foi destacado como um modelo inovador que alia inclusão produtiva, certificação de carbono e valorização dos produtores. Junto ao Programa Carbono Neutro para Agricultura Familiar, do Mato Grosso do Sul, esses protocolos demonstram o potencial de caminhos adaptados à realidade brasileira para viabilizar o acesso ao mercado de carbono e promover um agro mais sustentável e competitivo.
Créditos: Assessoria de Comunicação ReSeed/Ecam