Por Ecam
“Capacitar para Conservar”
Segunda turma inicia Curso de Formação de Guarda-Parques em Macapá
O Amapá tem cerca de 71% de território ocupado por áreas protegidas. Essas áreas protegidas incluem Terras Indígenas, Parques Nacionais,Reservas Extrativas, Florestas Nacionais, entre outros. De diferentes formas, cada uma colabora para a conservação dos biomas do estado.
Hoje, a gestão dessas áreas enfrenta diversos desafios. Um deles é a inclusão das comunidades da região nas discussões que buscam por modelos socialmente responsáveis e ecologicamente sustentáveis. Isso é fundamental, já que a existência de áreas protegidas não deve ser entendida como um entrave ao desenvolvimento econômico. Ao contrario, elas estão associadas a outro tipo de desenvolvimento, que faz uso da floresta ao mesmo tempo em que a conserva.
Para colaborar com esse desafio, a Equipe de Conservação da Amazônia (Ecam), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a Universidade Federal do Amapá (Unifap)e a Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Amapá (Sema – AP) desenvolvem o projeto “Capacitar para Conservar”, cujo objetivo é aprimorar a gestão de Unidades de Conservação por meio da formação de guarda-parques e gestores. Essas ações têm o apoio do Fundo Amazônia, gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
A formação de guarda-parques envolve comunitários de diferentes localidades do Amapá, e de outros pontos da Amazônia. “Nós temos um déficit muito grande [de comunitários] nas equipes de gestão ambiental na Amazônia. Para o curso, a nossa ideia é selecionar pessoas das comunidades, dos entornos ou de dentro de unidade de conservação. Elas serão moderadores de conflitos na sua comunidade, podendo fazer a interlocução entre a comunidade e os órgãos que fazem a gestão ambiental do local. E essa interlocução tem que partir de dentro da comunidade, melhorando sensivelmente os índices de conservação da Amazônia”, afirma Cristiane Russo, professora da Unifap e coordenadora pedagógica do projeto.
Desde 10 de novembro, a segunda edição do Curso de Formação de Guarda-Parques está ocorrendo. São 23 cursistas, que permanecerão reunidos durante 20 dias de atividades. Os módulos de trabalho englobam oficinas sobre Biodiversidade e Conservação, Legislação, Monitoramento de Fauna e Flora, Gestão de Áreas Protegidas, Radiocomunicação, Manutenção de Motores, Resgate e Primeiros Socorros, Orientação e Cartografia, Uso Público, Educação Ambiental e Participação Social, Proteção, Práticas e Vivências em Áreas Protegidas e Avaliação.O conjunto de atividades pretende desenvolver conhecimentos, habilidades e atitudes fundamentais para a atuação dos guarda-parques.
A cursista Edinéia Sacramento Gouveia enfatiza que o comportamento do guarda-parque envolve educação ambiental e comunicação, sempre com o intuito de mobilização: “Nós temos que ser abertos ao diálogo com as pessoas, a gente precisa trabalhar a mente, conscientizar, mostrar o que pode e o que não pode. A função do guarda-parque justamente é isso”.
Além do cuidado na seleção de temas a serem abordados em 200 horas de curso, o projeto pedagógico foi pensado levando em consideração como seria essa forma de aprendizado. Para Cristiane, “essa forma não pode ser tradicional, ela precisa atender a esse público específico. Nossa proposta se baseia na Andragogia. Um dos princípios é você respeitar a condição do aluno. O aluno adulto, dentro dos princípios da Andragogia, não pode ter surpresa no seu aprendizado. Ele precisa saber o que ele está aprendendo, por que ele está aprendendo, e para que isso vai mudar a sua vida. É uma metodologia inovadora para a formação de guarda-parques. A formação da primeira turma, em agosto, nos mostrou que nós estamos no caminho certo”.