12/11/2019

Por Fernanda Costa

Em Belém, conservação da Amazônia é tema de seminário com foco em investimentos e parcerias do setor privado

Em Belém, conservação da Amazônia é tema de seminário com foco em investimentos e parcerias do setor privado

Na última quarta-feira, 7, Belém sediou o Seminário Parcerias do Setor Privado pela Conservação da Amazônia. Promovido pela Plataforma Parceiros pela Amazônia (PPA), o seminário marcou o lançamento oficial da PPA no estado do Pará e promoveu palestras e painéis dedicados ao tema da conservação da biodiversidade na região. Sob organização da Coordenação Executiva da PPA no Pará (Instituto Peabiru e Equipe de Conservação da Amazônia), o evento contou com o apoio da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e reuniu executivos, empresários, organizações da sociedade civil e representantes do setor público. Contando com ampla audiência, o seminário teve por objetivo o compartilhamento de experiências socioambientais a partir de diferentes áreas de atuação, buscando embasar o desenvolvimento de agendas conjuntas e a promoção de parcerias em projetos pela conservação.

A abertura do evento se deu com fala de João Meirelles, Diretor-geral do Instituto Peabiru, que durante a apresentação abordou o papel da PPA como espaço de intercâmbio e engajamento para que a conservação das florestas e dos recursos naturais amazônicos façam parte das agendas do setor privado. “O nosso papel de facilitador mostra que há muitos interesses em comum, tanto da atuação das empresas em si, nos seus territórios de atuação, quanto das agendas locais no sentido mais amplo. Isso demonstra uma oportunidade de articulação e que temos um grande caminho pela frente”, afirmou Meirelles.

Marcello Brito, CEO da Agropalma e presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), proferiu a palestra de abertura do Seminário, abordando a importância do evento e os desafios do setor privado para conservar a Amazônia. “Essa é uma iniciativa brilhante, traz esse novo contexto da Amazônia que é a união de empresas privadas em parceria com entidades da sociedade civil em busca de novos caminhos para a Amazônia. Está comprovado em diversos países do mundo que o desenvolvimento só ocorre quando existe uma sintonia entre os três importantes pilares da sociedade; que são o setor privado, o governo e a sociedade. Quando estudamos os maiores países do mundo, isso é comprovado”, afirmou. Brito também citou dados sobre a região, abordando o rico potencial de desenvolvimento, ainda combinado com os piores IDHs do país, e promovendo uma reflexão aos presentes no sentido de engajarem-se na transformação dessa realidade.

Alexandre Alves, especialista em engajamento do setor privado e parcerias, da USAID, reafirmou a perspectiva da agência e a proposta de valor da PPA. “Entendemos que o setor privado é onde avançaremos em inovação, conhecimento, tecnologia, melhores práticas e recursos. Conseguiremos fazer mais com menos e muitas vezes melhor. É preciso que a gente junte esforços e parcerias para que soluções criativas fluam neste contexto”.

Programação diversa e debates entre setores

Com quatro painéis e apresentações simultâneas, as duas salas reservadas ao evento estiveram lotadas por executivos de empresas, pesquisadores e representantes comunitários, em diálogos sobre inovação e avanços frente aos desafios da gestão de empreendimentos aliada à conservação da Amazônia. Foram abordados pelos mais de 20 painelistas convidados temas como parcerias para o desenvolvimento territorial, uso de áreas de reserva, fomento a cadeias de valor e oportunidades de investimento e negócios de impacto.

Painel Parcerias pelo Desenvolvimento territorial

Mediado por Bruno Gomes, da Humana, o painel contou com a participação de Carol Ayres, sócia da Humana; Eduardo Figueiredo, gerente de projeto da Hydro; Gabriela Almeida, representante da Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombos de Oriximiná; Jeferson Santos, gerente de relações comunitárias da Mineração Rio do Norte; Maria Raimunda da Silva, representante do Instituto Juruti Sustentável e Rogério Ribas, gerente de relações institucionais da Alcoa.

Painel Investimento em negócios de impacto

Participaram do painel Fernanda Dativo, da Sitawi Finanças do Bem; Joanna Martins, CEO da Manioca; Karin Baumgart Srougi, acionista da Vedacit e Nick Oakes, diretor de investimentos no Brasil, da Althelia Funds. A mediação foi feita por José Mattos, Gerente de Relações Institucionais da Natura.

Painel Fomento a cadeias de valor de produtos amazônicos

Com mediação de Thais Magalhães, da Prowa, o painel reuniu Eduardo Trevisan, Gerente de projetos do Imaflora; Elias Gomes, Gerente de produção da Beraca; Igor Povoa, Gerente de suprimentos da Vale; Márcia Cortes, Coordenadora de Meio Ambiente e Cidades, do Instituto Humanize; Mariano Cenamo, Diretor de Novos negócios do Idesam e Raimundo da Silva, Presidente da Associação dos produtores e produtoras rurais da agricultura familiar de Tomé-açu.

Painel Promoção de usos socioambientais em áreas de reserva

Participação de Fabio Oti, Coordenador regional do ICMBio; Fausto Camargo, Gerente Executivo de Sustentabilidade da Suzano; Ima Vieira Pesquisadora do Museu Goeldi; Plinio Ribeiro, CEO da Biofílica; Zuleide Pereira de Souza, representante da Associação das Quebradeiras de coco da Coquelândia. A mediação do painel foi feita por João Meirelles, Diretor-geral do Instituto Peabiru.

Estudo com casos de investimentos do setor privado no desenvolvimento territorial é lançado no evento

Um dos resultados da PPA compartilhados no evento, o estudo Investindo no Desenvolvimento – Modelos e instrumentos para aporte de recursos privados em comunidades e territórios, realizado pela PPA em parceria com a Humana, apresenta referências sobre investimento privado em territórios e reuniu casos de parcerias de desenvolvimento territorial na Amazônia. O estudo é uma realização de um dos 4 Grupos Temáticos da PPA, dedicado a ações no tema de Desenvolvimento territorial – Relações com comunidades, iniciativa privada e políticas públicas. Além de ser distribuído ao público do evento, o estudo também foi publicado no site da PPA, onde é possível acessar sua versão completa (leia o estudo completo aqui).

Setor privado, sociedade civil e organizações comunitárias marcam presença no Seminário

 Participaram da programação representantes de empresas como Agropalma, Alcoa, Beraca, Grupo Baumgart, Hydro, Suzano, MRN e Vale. Além de Instituições de pesquisa como o Museu Goeldi e de órgãos do governo federal, com a participação da coordenação regional do ICMBio. Organizações da sociedade civil também participaram dos debates, entre elas Imaflora, Idesam e Instituto Peabiru que, juntamente com a Equipe de Conservação da Amazônia, compõe a Coordenação Executiva da PPA no Pará. Os painéis contaram ainda com a participação de organizações como Instituto Juruti Sustentável e Instituto Humanize, além da representação de organizações de base comunitária, como a Associação dos Produtores e Produtoras Rurais do Município de Tomé-açú, e a Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombos de Oriximiná, Associação das Quebradeiras de coco de Coquelândia.

A programação apresentou ainda exposição de 10 startups participantes do Programa de Aceleração da PPA, ação realizada através de um dos Grupos Temáticos da Plataforma, voltado aos temas de Empreendedorismo, investimento de impacto e aceleração de negócios sustentáveis. A primeira turma do Programa de Aceleração da PPA reúne 15 startups da região amazônia, entre elas: 100% Amazônia, Chocolates De Mendes, Coopmel, Da tribu, EcoPainel de Açaí, Manaós Tech, Manioca, Onisafra, Peabiru Produtos da Floresta e Tipiti.

Após mensagem final sobre a relevância da proposta da PPA e importância do evento para união de forças no setor privado, por Frederico Baião, Gerente de desenvolvimento territorial e sustentabilidade norte da Vale, o evento foi encerrado com o lançamento oficial da PPA no Pará e fala de Bernardo Rico, Diretor da USAID para América Latina e Caribe. Além do lançamento da PPA, o seminário também marcou o lançamento do Athelia Biodiversity Fund Brazil (FIP), apresentado ao público por Nick Oakes, da Althelia, e Andy Jarvis, do Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT).

O evento foi encerrado com coquetel e confraternização entre os presentes.

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