Por Ecam
Estudo mostra realidade das ações de produtividade nas comunidades quilombolas do Amapá
Foto: Arlison Kleber/Ecam
Pesquisa envolveu mais de 8 mil famílias quilombolas, de 7 municípios do estado
A Ecam Projetos Sociais e a Coordenação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas do Amapá (CONAQ-AP), em parceria com o Instituto Clima e Sociedade (iCS), lançam estudo sobre as ações de produtividade das comunidades quilombolas no Amapá, no âmbito do Projeto Quilombo Solidário: Renda e Produção.
Desde o início da pandemia, o Projeto vem apoiando as comunidades quilombolas com cestas básicas, kits de higiene e outros insumos para o enfrentamento da Covid-19. Agora, o diagnóstico surge para complementar as ações realizadas na região, com o objetivo de apoiá-las em suas atividades produtivas e incentivar a geração de renda nos territórios.
“Nós conseguimos aplicar um questionário no momento em que chegamos em cada comunidade, para fazer a entrega das cestas básicas. Com isso, foi possível mapear, durante a pandemia, qual a verdadeira situação econômica das comunidades do Amapá”, explica Núbia Cristina, quilombola e coordenadora da CONAQ-AP.
O estudo tem o objetivo de trazer um panorama mais próximo sobre a realidade das atividades produtivas exercidas nos quilombos, por meio de entrevistas realizadas com mais de 8 mil famílias, de 51 comunidades quilombolas, de 7 municípios do Amapá. O estudo foi elaborado a partir de informações obtidas através de pesquisa de campo e de instituições locais que atuam com a agricultura familiar no estado.
“Esse levantamento vai auxiliar as comunidades e seus parceiros a identificar o que está sendo produzido, quais os mercados compradores, onde podem investir, para aumentar a produção, e políticas públicas que podem apoiar as comunidades em suas ações de produtividade. Além disso, o estudo visa trazer visibilidade para a produção da agricultura familiar quilombola, atividade tão presente no estado do Amapá”, explica Ronaldo Freitas, consultor da Ecam.
Segundo um estudo publicado pela Ecam Projetos Sociais e CONAQ, ao lado de comunidades quilombolas de seis estados, incluindo o Amapá (tenha acesso aqui), a agricultura familiar representa, atualmente, a principal fonte de renda de centenas de comunidades quilombolas do país. Mas apesar dessa contribuição e dos resultados significativos que a atividade traz para a preservação dos biomas e da sociobiodiversidade, as comunidades ainda precisam lidar com inúmeros desafios no seu dia a dia.
“Um dos principais desafios das comunidades quilombolas do Amapá, relatadas no estudo, é a falta de acesso às estradas de terra, o que dificulta o escoamento da produção nas cidades vizinhas. Uma outra dificuldade é sobre o acesso a créditos para o financiamento das produções, que pode trazer capital de giro para investir no preparo da terra, em sementes, no cultivo e em unidades de armazenamento da produção. E agora com a pandemia, essas dificuldades se somaram a novos obstáculos, como fechamento de comércios e diminuição de postos de comercialização, por exemplo”, complementa Freitas.
O diagnóstico também apresenta informações sobre os impactos da COVID-19 na produção da agricultura familiar quilombola e os principais desafios das comunidades neste momento. Segundo o diagnóstico, houve uma diminuição da produção de alimentos nas comunidades quilombolas da Amazônia Legal, no ano de 2020, dado que pode estar diretamente relacionado à pandemia de Covid-19.
“A pandemia vem tirando a tranquilidade daqueles quilombolas que estão no campo. Muitos dos nossos agricultores e agricultoras, acostumados a trabalhar com a atividade, acabaram perdendo a produção por falta de apoio do estado e absorção desse material nas feiras de produção agrícola. Então, com esse estudo, a gente vai conseguir identificar quem são os parceiros que já estão atuando nas comunidades e de que forma eles podem dar assistência pra gente”, complementa Núbia Cristina.
Para o consultor da Ecam, Ronaldo Freitas, o diagnóstico será fundamental para uma auto reflexão das comunidades, sobre as dificuldades, potencialidade e para ações pós-pandemia: “o diagnóstico traz um recorte da produção, dos desafios, dos gargalos, e vai poder apoiar as comunidades principalmente no período pós-pandêmico. Porque com as informações levantadas, os agricultores e agricultoras quilombolas conseguirão ter dados mais concretos para se organizar, estruturar suas produções e os seus mercados”, finaliza Freitas.
O Diagnóstico – ações de produtividade das comunidades quilombolas do Amapá já está disponível na íntegra. Tenha acesso.
Estudo será apresentado em webinar