Por Ecam
Jovens quilombolas do Amapá participam de oficina de capacitação em ODK e Google Earth
A ECAM- Equipe de conservação da Amazônia, em parceria com a CONAQ- Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas, realizaram entre os dias 13 e 15 de abril um encontro de capacitação de jovens quilombolas para as ferramentas Open Data Kit- ODK e Google Earth, ou Google Terra, como vem sendo chamada pelos quilombolas.
O encontro teve a duração de três dias e aconteceu na cidade de Macapá. Participaram mais de 30 jovens provenientes de várias comunidades quilombolas amapaenses. Embora a predominância neste primeiro momento tenha sido de jovens quilombolas das comunidades de Cunani e Curiaú, também estiveram presentes representantes de outros territórios quilombolas, como Abacate, Santo Antônio, Pacuí, Igarapé do Palha, Santa Luzia do Maruanm, Carmo do Maruanum, etc.
Os jovens que receberam a formação agora estão capacitados para realizarem diversas pesquisas socioeconômicas em seus territórios, dentre outros levantamentos quantitativos e qualitativos sobre assuntos que sejam de interesse de suas comunidades. Para isso, poderão criar e aplicar formulários através do ODK.
Além dos levantamentos via questionários, estes jovens também estão aptos a realizar mapeamentos diversos em suas comunidades através da ferramenta Google Earth. Durante as oficinas já foram levantados alguns mapeamentos que os jovens têm interesse de realizar, como o mapeamento cultural de suas comunidades, combinando espacialidades e histórias tradicionais de seu povo, como as de seres encantados das àguas, das florestas, etc. Também foi levantada a importância de serem feitos mapeamentos de localidades dos territórios que careçam de atenção do poder público quanto a questões relacionadas à infraestrutura e qualidade de vida.
Todos os jovens formados também podem ser replicadores do conhecimento sobre estas ferramentas em suas comunidades. Entusiasmados com as novas tecnologias que aprenderam, os jovens quilombolas já se organizaram em equipes para começarem a realizar as pesquisas e mapeamentos em seus territórios, além de se comprometerem a auxiliar os jovens de quilombos para também realizarem os levantamentos. Nos próximos meses estas equipes já estarão atuando em campo.
Larissa Miranda Ramos, da Comunidade Quilombola do Curiaú se mostrou muito contente com os conhecimentos aprendidos durante a oficina: “Eu fui convidada a fazer o curso e acho bastante interessante para a comunidade e para nós jovens termos este aprendizado e saber lhe dar com equipamentos de tecnologia. (…) A gente já vai aprendendo a mapear, vendo o que mudou, pra gente ir vendo como era, como era a comunidade no passado e como ela está hoje. É bem interessante estarmos fazendo este curso, eu estou tão empolgada que não paro de ver aqui!”
Gleibson da Silva Costa, pertencente à Comunidade Quilombola de Santa Luzia do Maruanum, também se mostrou interessado com as tecnologias aprendidas e ressaltou algumas aplicações práticas nas quais as novas tecnologias podem auxiliar as comunidades quilombolas:“Eu vim para o curso de Google Earth para melhorar a comunidade, pra mapear historicamente e geologicamente a minha comunidade. Eu acho que este curso vai ajudar muito as próximas gerações a chegarem na comunidade e saberem a sua história, suas origens, de onde veio e pra onde vai. Tentar projetar o futuro para melhorar a nossa comunidade . Eu já era um pouco adaptado à tecnologia, mas eu pretendo levar estas tecnologias para dentro da comunidade. Muita gente da comunidade não conhece estas ferramentas, e a gente pretende com isso levar estas ferramentas para dentro da comunidade. O meu recado para todas as comunidades, principalmente as comunidades de difícil acesso, que não tem energia, em que é difícil os meios de locomoção, é que a dificuldade a gente supera pra gente poder mudar a realidade, a nossa realidade.”
Esta foi a primeira etapa do Programa Novas Tecnologias no estado do Amapá, e já estão previstos outros retornos ao estado. O programa Novas Tecnologias e Povos Tradicionais possui extensão nacional, até o final do ano várias comunidades quilombolas de outros estados da Amazônia receberão as oficinas de capacitação.
Por Ana Carolina Fernandes