Por Ecam
Mais 22 guarda-parques formados no estado do Amapá
Durante 20 dias um grupo de professores, alunos e monitores discutiu questões socioambientais com foco em temas de conservação, educação ambiental, estudo e monitoramento. Também discutiu questões operacionais, como radiocomunicação, manutenção de motores de popa de voadeira ou lancha, resgate e primeiro socorros. Tudo isso durante a realização do segundo Curso de Formação de Guarda-Parques. Problematizou-se sobre a atuação do guarda-parque e seu papel na gestão de unidades. No dia 30 de novembro, quando essas atividades acabaram, mais 22 guarda-parques tornaram-se aptos para atuar na agenda comunitária socioambiental.
Logo no começo do curso, ainda no dia 10 de novembro, essa turma se autodenominou “Pororoca”. O nome é dado ao fenômeno natural que ocorre na região do delta do Amazonas – Amapá e Pará, que provoca fortes ondas, formadas pelo encontro das águas do rio com as do oceano Atlântico. A ideia é representar, a partir da analogia, a força da presença desses novos guarda-parques, o impacto que a atuação do grupo pode ter. “Hoje, aqui no Amapá nós temos várias unidades de conservação, o que acaba gerando discussões sobre como ocupar esses territórios. Por causa do tamanho dessas áreas, algumas pessoas podem ver essas unidades como um entrave ao desenvolvimento. Não as veem como uma possibilidade e sim como uma dificuldade”, afirma Ivan Vasconcelos, analista ambiental do ICMBio e um dos coordenadores do curso.
E neste atual cenário das unidades de conservação no Amapá, os guarda-parques tornam-se elos de articulação: “Trazer essas pessoas para discutirem com a gente quais são as possibilidades e quais são as dificuldades na gestão das unidades, e formar elas para a pensarem as unidades e trabalharem ali é importantíssimo, porque nós ganhamos mais pessoas tendo relações boas com as unidades”, completa Ivan.
Este segundo curso teve dois momentos distintos. O primeiro foi em Macapá. Já o segundo se deu em um lugar muito especial: o Centro Rústico de Vivência (CRV), no Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque. O local fica bem em frente do encontro do rio Felício (mais conhecido como Feliz) com o rio Amapari. Ali é a principal entrada para esse que é o maior parque nacional do Brasil.
O Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque protege as nascentes dos principais rios do estado do Amapá, e tem uma mata bastante conservada. Por isso, as atividades em campo envolveram o monitoramento de biodiversidade. Metodologias já aplicadas no monitoramento da área foram apresentadas aos cursistas. Em uma das atividades o grupo conferiu as armadilhas deixadas nas trilhas para captura de borboletas frugíveras, que se alimentam principalmente de frutas fermentadas. A presença dessas borboletas é um indicativo importante de equilíbrio ambiental.
Outra atividade em campo que despertou a curiosidade do grupo foi a de manutenção de motores de popa. O deslocamento por via fluvial é indispensável nessas áreas, por isso ter conhecimento para resolver eventualidades é indispensável. Com a ajuda do instrutor, o grupo desmontou e remontou partes de um motor de popa, entendendo melhor o funcionamento da máquina.
Finalizadas as atividades, o grupo teve um momento de avaliação. “Um guarda-parque protege a biodiversidade, e ele deve andar unido. Um guarda-parque não deve ser isolado dos outros, tudo tem que ser feito com o grupo. Isso é muito importante, um trabalho em grupo para fortalecer a nossa natureza. Aprendi muita coisa aqui que posso levar para a minha comunidade”, ressalta o agora guarda-parque Adão Assunção.
O projeto Capacitar para Conservar prevê ainda a realização de mais quatro cursos de formação de guarda-parques, além de dois cursos máster, voltados para gestores de unidades de conservação. Este projeto tem o apoio do Fundo Amazônia, gerido pelo Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES).