Por Fernanda Costa
Programa de Estágio Quilombola amplia ações e seleciona equipe para trabalho voluntário
A primeira seleção de voluntários para o Estágio Quilombola foi realizada com sucesso no dia 1 de agosto.
O Programa de Estágio Quilombola surgiu da necessidade de envolver mais pessoas no cotidiano das associações e da preocupação com a renovação e continuidade do trabalho das lideranças. As organizações de base local, como a Associação das Comunidades Remanescentes – Arqmo, atendem um alto volume de demandas da comunidade, trata-se de um trabalho que exige um saber muito próprio das lideranças quilombolas e também uma dedicação especial de tempo. Assim, quanto mais jovens envolvidos, melhor para a continuidade e para a agilidade no atendimento da população.
Com o intuito de trazer essa ideia para a realidade, Arqmo e demais associações de territórios passaram a construir, com apoio da Ecam, esse Programa de Estágio voltado para a juventude quilombola. Através dessa iniciativa, estudantes quilombolas de Oriximiná, são incentivados a aprimorar suas habilidades, adquirindo mais conhecimento junto às lideranças mais experientes. Além disso, oferecem uma valiosa contribuição no cotidiano das organizações comunitárias.
Vivência e muita inspiração
A partir da experiência adquirida nos últimos 2 anos, surgiu a ideia de ampliar as ações do Programa para o trabalho voluntário. Até agora, apenas estudantes matriculados no ensino formal tiveram essa oportunidade, mas o dia-a-dia mostrou que outros perfis também estavam alinhados com a ideia que motivou a criação do Programa. “Este trabalho nos trouxe a oportunidade de conhecer melhor o perfil do estudante e da estudante quilombola, seus desafios, seus projetos, etc. vimos que o ensino formal nem sempre é alcançado. Ainda assim, a vontade de contribuir daqueles e daquelas que não alcançaram ou não sustentaram o ensino formal é tão evidente que nos inspirou a pensar num trabalho voluntário dentro do Programa de Estágio Quilombola”, explicou Muryel Arantes, uma das coordenadoras programa.
Dessa maneira, mais pessoas das comunidades, que não estão necessariamente em um ensino formal, terão a oportunidade de participar e contribuir com as atividades das associações. “O programa de estágio traz melhoria não só para o estagiário como para as comunidades do território, isso ajuda no desenvolvimento pessoal, escolar e comunitário, porque a gente vai aprendendo a lidar com as pessoas e conhecendo a realidade da comunidade”, explica Gabriela Cardoso que, em 2017, iniciou no programa como estagiária e hoje é supervisora de estágio e coordenadora de mulheres na Associação das Comunidades Remanescentes – Arqmo.
Após a seleção dos interessados e interessadas no trabalho voluntário e da avaliação dos atuais bolsistas, uma roda de conversa foi proporcionada a jovens quilombolas – que não, necessariamente, estão envolvidos nas atividades – e também aos estagiários do programa, para trocas de experiências, assim como para divulgar todo o trabalho que está sendo feito por meio da iniciativa.
O Programa de Estágio, junto a Arqmo, faz parte das ações dos Eixos Quilombola e Capital social do Programa Territórios Sustentáveis, uma iniciativa da Agenda Pública, Equipe de Conservação da Amazônia (Ecam) e Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), que conta com o apoio da Mineração Rio do Norte e da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional – USAID.