Por Ecam
Quilombolas do Pará se apresentam no maior evento de inovação do mundo e representante é aplaudida de pé
A voz do povo quilombola do Pará ecoou longe e foi ouvida no maior festival de inovação do planeta, o SXSW (South by Southwes). O festival reúne cinema, música e tecnologia, levando temáticas e projetos que se destacam internacionalmente, virando os olhos do mundo para Austin (Texas, EUA). E entre os destaques, a palestra “Connecting the Hidden Amazon to the World” apresentou um mini-documentário realizado com territórios quilombolas da região da Calha Norte no Pará. O trabalho faz parte do Projeto UNI que é fruto de uma parceria entre a Ecam e a O2 Filmes, com apoio da USAID (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional) e em sua primeira fase irá apresentar para o mundo três comunidades quilombolas paraenses: Ariramba, Cachoeira Porteira e Jauari.
Para contar um pouco sobre este trabalho, subiram ao palco do evento Vasco Van Roosmalen (Ecam), Claudinete Colé (ARQMO), Fernando Meireles (O2 Produções) e André D’Elia (D’Elia Produções). O grupo integrou o painel no inédito”Social and Global Impact”, espaço que destaca inovações e iniciativas que contribuem para um mundo melhor e que estreia este ano no SXSW.
Claudinete foi realmente um dos pontos altos das quase uma hora de palestra, aplaudida de pé por aqueles que estavam presentes. Ela compartilhou sua história e representatividade de ser a primeira mulher a liderar a ARQMO, associação mãe que representa os territórios quilombolas de Oriximiná, na região do norte do Pará. Ela chamou atenção ao falar de seu povo e sobre as urgências em políticas pró-Amazônia que atualmente tem 20% de sua área devastada. “A gente está pedindo socorro pela Amazônia”, diz Claudinete. “Se a floresta morrer, não morrerei só eu. Morreremos todos”.
Para Vasco, o trabalho apresentado vem para reforçar outras atividades que a Ecam já vem desenvolvendo na região, como por exemplo, as oficinas de educomunicação que são oferecidas dentro do Programa Territórios Sustentáveis. Esse olhar diferenciado para a maior floresta do mundo também sob óticas sociais faz parte da essência do trabalho da Ecam há quase duas décadas. “O mundo enxerga a Amazônia por sua flora e fauna, interpretando-a como uma região inóspita e com pouca atividade humana ali. Queremos mostrar que a vida pulsa ali, que os povos da Amazônia são empreendedores, criativos e tem muito a compartilhar com o mundo”.