Por Ecam
Agricultura Familiar Quilombola: projeto realiza ações para geração de renda em comunidades do Amapá
Roça da Comunidade Quilombola São Pedro do Caranã, Macapá (AP). Foto: CONAQ-AP
Doação de equipamentos e apoio para o cultivo e escoamento da produção estão entre os destaques.
Neste mês, 60 agricultores quilombolas do Amapá serão beneficiados com ferramentas e acessórios básicos para a roça, por meio do Projeto Quilombo Solidário: renda e produção. O projeto é realizado pela Ecam, Coordenação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas do Amapá (CONAQ-AP), em parceria com o Instituto Clima e Sociedade (iCS).
Do preparo da terra à feira quilombola, as ações do Projeto Quilombo Solidário: renda e produção têm apoiado comunidades quilombolas do Amapá, para o fortalecimento da agricultura familiar como meio de subsistência e geração de renda. Além de estudos sobre a realidade das comunidades e da agricultura familiar quilombola, o projeto, no período mais crítico da pandemia, realizou a doação de cestas básicas e kits de higiene.
Agora, o objetivo é continuar apoiando as comunidades com insumo para auxiliar no preparo da terra até escoamento da produção. A coordenadora da CONAQ-AP, Núbia Quilombola, conta que o projeto tem incentivado a criação e manutenção de roçados e cultivo de produtos para serem comercializados na Feira Quilombola, realizada em Macapá (AP), também com o suporte do projeto.
Na capital, aproximadamente 40 comunidades quilombolas se reúnem todos os meses para vender as frutas e verduras, cultivadas nas roças, que se juntam ao artesanato, às roupas, louças e outros produtos que fazem parte da cultura quilombola. “A nossa feira agora é conhecida na cidade. Temos uma clientela que conhece nossos produtos e já espera a feira acontecer. Isso demonstra que temos sim produção, mas também muitos desafios para superar, como o próprio deslocamento das comunidades para vender seus produtos na capital”, destaca a coordenadora.
De acordo com o Diagnóstico de ações de produtividade nas Comunidades Quilombolas do Amapá, atualmente, 60% da comercialização da produção quilombola é realizada para atravessadores, o que acaba diminuindo o valor dos produtos. Entre a produção está a farinha, o açaí e frutas in natura, como abacaxi, banana, cupuaçu, limão e taperebá. Já cerca de 31% do público quilombola entrevistado consegue comercializar diretamente seus produtos, sobretudo em feiras.
Feira Quilombola, realizada em Macapá – AP. Foto: CONAQ-AP.
Segundo a coordenadora, a escolha das comunidades para a doação das ferramentas e acessórios para a roça foi uma decisão coletiva. Entre as comunidades quilombolas beneficiadas estão: Curralinho, Campina Grande, Dá Pereira, Vitória do Guarajari, Cunaninho, Vila Velha do Cassiporé, Oiapoque, São José do Matapi, São Pedro do Caranã, São Francisco do Matapi. Os equipamentos variam entre enxadas, terçados, botas, luvas e ancinhos.
Sobre o projeto Quilombo Solidário: renda e produção
O Projeto Quilombo Solidário: renda e produção atua nos estados do Amapá e de Rondônia, com o objetivo de fortalecer as atividades produtivas das comunidades quilombolas, visando a geração de renda e a diminuição da insegurança alimentar. Atualmente, o projeto faz parte da Iniciativa da Agricultura Familiar Quilombola, realizada pela Ecam, instituições parceiras e comunidades quilombolas de 9 estados do país, mais o Quilombo Mesquita (GO).