Por Ecam
Comunidades quilombolas do Amapá terão pólos universitários
Projeto vai levar cursos de graduação a 300 quilombolas.
Comunidades quilombolas do Amapá receberão cursos de graduação, ofertados pela Universidade Federal do Amapá (Unifap). As aulas estão previstas para acontecer em junho deste ano, em pólos universitários a serem abertos nas comunidades quilombolas do Matapi, Carmo do Maruanum, Igarapé do Lago, Mazagão Velho, Curiaú e Abacate da Pedreira.
O processo seletivo, realizado em maio na Unifap, contou com cerca de 800 quilombolas, que concorreram a 300 vagas nas áreas de Letras, Pedagogia e Ciências Biológicas. Segundo Núbia Cristina, coordenadora da Coordenação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas do Amapá (CONAQ-AP), cada um dos pólos terá uma turma de 50 alunos e contará com o apoio da universidade para levar toda a estrutura necessária para a realização das aulas.
“Esse é o primeiro projeto do país a levar ensino superior para dentro dos quilombos. A ação iniciou-se a partir das comunidades, por meio de uma solicitação da Conaq-AP à nova gestão da Unifap, que se mostrou sensível à demanda e propôs elaborar uma iniciativa de forma conjunta. Infelizmente, os dois anos de pandemia atrasaram a implantação do projeto. Mas, ainda assim, nesse período, foi possível atender mais de 1000 famílias quilombolas com ações de enfrentamento à Covid-19”, destaca Núbia.
Em 2018, a Conaq-AP e as comunidades quilombolas do estado do Amapá participaram de levantamentos e análises de dados socioeconômicos, realizados com comunidades de nove estados do país, em parceria com a Ecam, Google Earth Solidário e USAID. No Amapá, a pesquisa constatou que apenas 3% da população quilombola tinha acesso a universidades, evidenciando a necessidade da criação de pólos universitários dentro dos quilombos.
Os dados do estudo serviram como insumo para a realização do projeto, que hoje é resultado da parceria entre a Conaq-AP, Unifap e da Deputada Federal Leda Sadala, que aprovou a emenda parlamentar de 15 milhões de reais destinados à criação e manutenção dos pólos universitários pelos próximos quatro anos.