Por Ecam
COP 27: Lideranças quilombolas falam sobre agricultura familiar em evento mundial
Resistência, racismo institucional e preservação ambiental foram alguns dos destaques.
A Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ) marcou presença na primeira semana da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 27), realizada em Sharm El- Sheikh, Egito. O evento é o mais importante sobre o tema das mudanças climáticas, e um dos principais objetivos da Conaq é justamente “ascender à pauta Quilombola na agenda climática”.
A organização levantou questões sobre o papel das comunidades quilombolas na mitigação das mudanças climáticas, assim como a ausência de reconhecimento que acaba gerando inúmeros desafios. “Nossas práticas agroecológicas estão conectadas com nossos conhecimentos tradicionais. Nós respeitamos os ciclos da natureza, e não as demandas do mercado, e garantimos a soberania alimentar nas nossas comunidades […] Enfrentamos ainda muitos desafios para sermos reconhecidos como produtores rurais. O principal é o racismo institucional e a negação de oportunidades e condições para podermos fazer nossa produção chegar aos grandes centros, afirmou a liderança quilombola Jhonny Martins, no painel Cooperação Sul-Sul: comunidades negras de produtores agroecológicos através do Oceano Atlântico.
Já em outra oportunidade, a CONAQ ressaltou a agricultura familiar quilombola como um modelo viável de produção de alimento para o Brasil e para o mundo. Isso porque nos últimos anos, tem trabalhado junto à Ecam na produção de um diagnóstico sobre a Agricultura Familiar Quilombola nos biomas da Amazônia, Caatinga e Cerrado, levantando dados sobre a importância da atividade para a segurança alimentar nos quilombos e para a produção de alimentos no Brasil.
“Nós nos debruçamos e fizemos um diagnóstico, que você pode ver nas nossas redes, nos nossos materiais, para dizer que a maior produção de alimento está nos nossos quilombos [..] Os governantes precisam ouvir o povo que mora na terra em todos os biomas, de todo o planeta. Não há negociação para mudanças climáticas sem as comunidades quilombolas. É isso o que viemos fazer aqui”, destaca Kátia Penha, Coordenadora na CONAQ.
O Diagnóstico Macro Situacional da Agricultura Familiar Quilombola, citado pela coordenadora, encontra-se, atualmente, disponível no site da CONAQ e Ecam. São mais de 30 publicações envolvendo políticas públicas relevantes para as comunidades quilombolas, cartilha de como acessá-la, mapeamentos de instituições que apoiam e atuam com a agricultura familiar quilombola, entre outros levantamentos.
Sobre a CONAQ
A Coordenação Nacional de Quilombos (CONAQ) foi criada em 1996, como uma organização nacional sem fins lucrativos que representa a grande maioria das comunidades quilombolas do Brasil. Está presente em todos os biomas e em 24 estados brasileiros.
O objetivo da CONAQ é lutar para garantir o uso coletivo e comum do território; lutar pela implementação de projetos de desenvolvimento sustentável; para a implementação de políticas públicas, considerando a organização das comunidades quilombolas; pela defesa da educação quilombola; pelo protagonismo e autonomia das mulheres quilombolas; pela permanência da juventude nos quilombos; para a proteção da natureza, do meio ambiente e da biodiversidade.
Sobre a Ecam
A Ecam é uma organização que atua pela integração entre o desenvolvimento socioeconômico e o equilíbrio ambiental. Desde 2002, busca promover ações inovadoras, motivadas pelo interesse da sociedade e alinhadas à conservação do meio ambiente. Atualmente, a Ecam possui projetos com diferentes setores da economia, nacional e internacional, que fazem parte de suas duas principais iniciativas: Ecam Projetos Sociais e Ecam Negócios Sociais.
Foto: Divulgação CONAQ