Por Ecam
Ações dos guarda-parques movimentam a APA da Fazendinha, em Macapá
Qual a função de um guarda-parque? Por que oferecer cursos nessa área? Investir neste tipo de formação, principalmente envolvendo moradores de unidades de conservação ou entornos, é investir em estratégias de conservação mais inclusivas. Acreditando nisso, a Equipe de Conservação da Amazônia (Ecam) desenvolve ações de formação de guarda-parques há bastante tempo. E desde 2015 desenvolve o projeto “Capacitar para Conservar – Fortalecendo a Gestão de Áreas Protegidas no Estado Amapá”.
O projeto propõe a realização de seis Cursos de Formação de Guarda-Parques, voltados para a capacitação de um público amplo envolvido na gestão de áreas protegidas, e dois Cursos Master, voltados para a capacitação de gestores. Em agosto de 2015 foi realizada a primeira edição do Curso de Formação de Guarda-Parques. Na oportunidade, 19 alunos concluíram a formação. Na segunda edição, que ocorreu de 10 a 30 de novembro de 2015, 23 alunos acompanharam o curso.
Depois de duas turmas formadas, o trabalho desses novos guarda-parques já pode ser visto em prática. Articulados com aqueles mais experientes, eles estão atuando por meio da Associação de Guarda-Parques do Estado do Amapá. O grupo vem realizando, desde dezembro do ano passado, diversas ações na Área de Proteção Ambiental (APA) da Fazendinha, em Santana, Amapá.
Nerivan da Silva, guarda-parque que mora na APA, apontou para o grupo os problemas que vem ocorrendo no local. Segundo Richard Lopes Pinheiro, presidente da associação, “várias atividades ilegais estão sendo praticadas dentro da APA da Fazendinha, como incêndio, derrubada de árvores, abertura de ramal. Com isso, a associação elaborou um plano de ação urgente para que essas atitudes ilegais parassem”.
Nilda Montes, que também é moradora do local, fez o curso de formação em novembro. Participando das ações, ela confirma que a área enfrenta diversos desafios: “A invasão nela está muito grande. E eu sinto que está descontrolada, a questão da ocupação lá dentro”.
Após o diagnóstico desses problemas, o grupo se organizou, propondo ações de monitoramento e educação ambiental. A cada sábado, de dezembro de 2015 até janeiro de 2016, será realizado o patrulhamento, andando por toda a área, abordando moradores e não moradores, explicando a importância da APA.
No dia 19 de dezembro, por exemplo, uma atividade especial ocorreu em uma escola da APA. Em parceria com uma turma de formandos de pedagogia da Universidade Estadual do Amapá (UEAP), o grupo trabalhou questões ambientais por meio de apresentações teatrais e atividades com as crianças.
Richard fez o curso de formação de Guarda-Parque ainda em 2006. Pensando na importância dessa experiência, ele não hesita em afirmar que depois do curso sua vida mudou: “Mudei meus hábitos, a minha vida por causa disso. Muitas coisas que eu achava que eram importantes ficaram para trás. Mas hoje, o que vai importar para os meus filhos, pros meus netos é esse trabalho que eu vou deixar. Todas as pessoas, elas têm o direito de viver, têm o direito de ter, mas tudo tem que ter o equilíbrio Assim lá na frente a natureza pode dar uma resposta positiva”.
O projeto “Capacitar para Conservar – Fortalecendo a Gestão de Áreas Protegidas no Estado Amapá” é uma parceria da Ecam com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a Universidade Federal do Amapá (Unifap) e a Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Amapá (Sema-AP), e tem o apoio do Fundo Amazônia, gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).