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17/10/2024

Por Ecam

Ativistas integram oficina de Direitos Humanos e Saúde Mental da Ecam

Ativistas integram oficina de Direitos Humanos e Saúde Mental da Ecam

A oficina “Promoção dos Direitos Humanos e Saúde Mental nas Comunidades Tradicionais”, realizada no final de agosto em Maceió, reuniu especialistas de diversas áreas e participantes de seis estados do país.

Há mais de duas décadas, a Ecam vem trabalhando para dar visibilidade às populações tradicionais e quilombolas brasileiras. Fomentando iniciativas sociais, ambientais e inclusivas, a organização tem buscado, por meio de seus projetos, o fortalecimento desses territórios, sobretudo no que tange à promoção dos direitos humanos e ao acesso a políticas públicas específicas.

Em 2024, as ações foram reforçadas pelas atividades do Projeto DRL – Comunidades Negras pelos Direitos Humanos, que vem proporcionando oficinas com temas relevantes para a população negra, pessoas com deficiências e LGBTQIAPN+. Nos dias 09 e 10 de agosto, 31 participantes, entre eles representantes de comunidades quilombolas, organizações não governamentais, advogados e ativistas, estiveram reunidos no Hotel Intercity Maceió, em Maceió (AL) para dialogar sobre saúde mental, equidade social e direitos.

Esse tipo de oficina é fundamental, pois, além de disseminar novas informações, promove a troca de experiências e a reflexão crítica. Também contribui para a formação de multiplicadores, que, uma vez em seus territórios, passam a fornecer orientações importantes no que se refere ao acesso às políticas públicas e a outros direitos previstos em lei.

Em Alagoas, a oficina abordou temas como saúde mental, racismo, exclusão, marginalização, políticas públicas e engajamento. Os conceitos foram debatidos pela Yalorixá Neide Oyá D’Oxum e pelas doutoras Regina Juliana e Daniela Lucena, além dos doutores Igor Luiz e Waldemar Neves.

Yalorixá Neide Oyá D'Oxum

Ao todo, 13 organizações estavam representadas na capacitação, que contou também com o apoio da CONAQ, através de membros de Alagoas, Salvador e Recife. A diversidade dos participantes contribuiu significativamente para enriquecer as discussões, trazendo diferentes perspectivas sobre os desafios enfrentados pelas comunidades quilombolas e outros grupos vulneráveis no Brasil.

Maria Célia, da Associação Comunitária dos Remanescentes de Quilombos da Comunidade Vila de Santo Antônio, foi uma das participantes da oficina em Maceió. Essa foi a segunda capacitação da Ecam que ela participou este ano. Para a ativista, que atua junto a um grupo de mulheres que produzem bolos para ações sociais, os temas abordados na oficina foram muito importantes, e a troca de experiências foi única e produtiva.

“Foram temas maravilhosos, que falaram de saúde mental, cultura, nossos direitos e acesso – situações que às vezes não temos conhecimento e nem como abordar no dia a dia. Foi bom saber como buscar as políticas públicas e como funciona a parte do SUS também. Para mim, que tinha pouca informação, estou bastante satisfeita. Foi um aprendizado riquíssimo. Outro ponto que gostei muito foi das ervas medicinais e dos saberes dos mais velhos que estavam lá. Me sinto mais forte e firme, conhecendo mais um pouco dos meus direitos, dos direitos do meu povo e de saber onde buscar. Tudo foi muito produtivo, muito bom. Só tenho a agradecer à Ecam”, destacou Maria Célia.

A oficina foi finalizada com uma roda de conversa mediada, onde os participantes puderam compartilhar suas experiências, levantar questões e refletir coletivamente sobre o aprendizado dos dois dias de atividades. As discussões destacaram a importância de uma abordagem inclusiva entre múltiplos setores e reforçaram a necessidade de fortalecer o engajamento social e a participação ativa das comunidades na defesa de seus direitos.

Para a psicóloga Samilly Soares, coordenadora do Projeto Perpetuar e quilombola de Oxalá de Jacunday, no município de Moju (PA), em uma sociedade estruturada com base no racismo e na opressão de minorias, oficinas como a promovida pela Ecam ajudam a fortalecer a comunicação, os conhecimentos sobre direitos humanos e as estratégias de resistência.

“Aprendi no Quilombo a potência da escuta. Escuto e aprendo! Aprendi no Quilombo a força da minha voz, das nossas vozes em coro cortante, fazendo ecoar a ancestralidade quilombola. Nossos passos vêm de longe, nós somos o agora. Com a força da comunidade, da territorialidade, não é fácil compreender o poder de nossa identidade. Nós somos Zumbis, Dandaras, Aqualtunes. Nós somos Terezas, Besouros, Marielles. Nós somos Trindades, Rildos e Rivelinos. Nossos saberes e sabenças vêm dos rios, das matas, vêm das dores e alegrias, dos abraços e das giras. Nós somos resistência quilombola”, finalizou Samilly Valadares.

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