Por Ecam
Empoderando Comunidades: Ecam amplia visibilidade de iniciativas e projetos quilombolas
A Oficina de Comunicação e Engajamento mobilizou participantes de todo o país para um debate crucial no contexto das comunidades quilombolas brasileiras.
Para a professora e advogada Jane Selma, do quilombo de São Francisco do Matapi, no Amapá, o exemplo faz a diferença, inspira e transforma outros quilombolas. Atuando na FEPIR (Fundação Estadual de Políticas de Promoção da Igualdade Racial) e também na CONAQ (Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas), a mobilizadora foi uma das participantes da Oficina de Comunicação e Engajamento promovida pela Ecam no primeiro semestre deste ano.
Prestando assistência jurídica às comunidades, a advogada enfatiza que esse trabalho é essencial para garantir os direitos dos quilombolas, já que muitas das vezes a lei não é efetivamente aplicada e as políticas públicas não alcançam os territórios e a população que realmente precisa, quando não apenas parte dos direitos estabelecidos é cumprida na prática. A professora explica que a oficina chamou atenção por ser uma oportunidade de adquirir novas informações, sobre comunicação e engajamento, aprendizado que posteriormente será utilizado para dar visibilidade as ações que ocorrem no cotidiano das comunidades.
“Fiquei sabendo da oficina através do grupo da CONAQ-Amapá, por fazer parte das atividades. A oficina veio nos mostrar que somos capazes, que dentro das comunidades somos agentes de transformação e exemplo. Como neta de agricultores e filha de quilombola que foi mãe na adolescência que superou os desafios e perseverou na criação dos filhos, quero que as pessoas que estão lá, vejam que embora existam desafios é possível ter uma perspectiva na vida. Eu enquanto advogada e meu irmão como médico temos atuado dentro das comunidades para mostrar que viemos do mesmo lugar e vencemos as dificuldades. Por meio da capacitação ficou nítido que a comunicação pode mostrar a realidade dos quilombolas e que o exemplo pode empoderar também“, disse.
Para a advogada ações como a promovida pela Ecam, ajudam para que as comunidades saiam da invisibilidade, e reforçam também que os quilombolas podem ocupar espaços além do campo, que podem ser vistos. Outro ponto destacado por Jane, foram as dinâmicas e a metodologia abordada na capacitação, que possibilitou uma maior troca de experiências entre os participantes que atuam em diferentes esferas e iniciativas ligadas à defesa dos direitos humanos no país.
“Quando você coloca a sua vida, quando você expõe à sua maneira de ver e viver, os problemas, de onde você veio e o que realmente conseguiu construir até agora, isso é muito importante. Em um dos momentos da oficina fomos convidados a contar uma história e eu relatei a minha e a do meu irmão, porque é importante mostrar que mesmo vindo de uma família humilde, mesmo vindo da zona rural fomos capazes de chegar longe. Nossos sonhos são possíveis, só precisamos acreditar com determinação. Nossa situação social não nos limita, precisamos aprender a desviar dos obstáculos para chegar aonde desejamos“, finalizou.
Sobre a Oficina
A Oficina de Comunicação e Engajamento foi realizada no período de 25 a 29 de março. A capacitação teve como objetivo apresentar aos participantes técnicas essenciais de comunicação e engajamento, visando ampliar sua capacidade de se comunicar com diferentes públicos e defender seus direitos, mostrando como a informação é uma ferramenta de empoderamento e transformação. A iniciativa integra as atividades do projeto Comunidades Negras e Quilombolas pelos Direitos Humanos, da Ecam, que tem como objetivo ampliar e qualificar a participação da população em situação de vulnerabilidade junto ao judiciário, seja por meio de suas lideranças e movimentos representativos. Através do fortalecimento e da capacitação deste público, o intento busca contribuir para a luta por equidade, justiça e acesso a políticas públicas.