Por Ecam
Guardiões da Natureza, a quinta turma de guarda-parques
Alguns vieram de Laranjal do Jari, outros de Cunani, Serra do Navio, Porto Grande. Alguns já vivem em Macapá. Jovens de 20 e poucos anos, alguns senhores ou senhoras na casa dos 40 anos. Moradores de Unidades de Conservação ou do entorno. Todos participando do 5º Curso de Formação de Guarda-Parque.
Essa edição começou no dia 10 de agosto. O grupo passou 20 dias em conjunto, dividindo a rotina de muito trabalho. Os dez primeiros dias foram em Macapá. As instruções trataram de Legislação Ambiental, Cartografia Básica, Uso do GPS, Comunicação, Suporte Básico de Vida, Radiocomunicação e Áreas Protegidas. Todos os conteúdos voltados para desafios de gestão que essas pessoas já enfrentam em suas comunidades.
Os dez dias restantes foram na Estação Ecológica do Jari. Trilhas, Monitoramento, Fauna e Flora, Estratégias de Vigilância e Resgate. Uma vivência de campo, fortalecendo o trabalho em conjunto e colocando em prática assuntos já tratados.
No dia 30 de agosto foi realizada uma avaliação das atividades. E agora, os 23 cursistas, da turma Guardiões da Natureza, são guarda-parques.
Essas ações são parte do projeto Capacitar para Conservar, que é resultado de uma parceria da Ecam com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a Universidade Federal do Amapá (Unifap), a Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Amapá (Sema-AP) e a Associação de Guarda-Parques do Amapá (AGPA). Tem o apoio do Fundo Amazônia, gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Com a palavra, os cursistas
Seu Genival mora em Cunani, no município de Calçoene. Cerca de 20 famílias vivem no ali, nessa comunidade quilombola que ainda busca pelo seu reconhecimento territorial. Seu Genival, que tem 40 anos, trabalha consertando redes na maior parte do ano, mas também se tornou monitor da biodiversidade. Por meio desse projeto, percorre algumas trilhas de tempos em tempos, registrando o avistamento de animais importantes.
Seu Genival veio para o curso com mais três companheiros do Cunani: Hiago, Camila e Adriano. “Cada dia que se passou a gente foi aprendendo um pouco de cada. Eu tenho fé em Deus de sair daqui e quando chegar lá na comunidade, falar para as pessoas das coisas que eu aprendi. Como um guarda-parque, chegar na minha comunidade e ter o cuidado, trabalhar para conservar a natureza”.
Elda é mais nova. Tem 20 anos e veio do Bailique, no litoral do estado do Amapá. Sua comunidade chama Arraiol. Participa de várias atividades, incluindo um novo projeto de banco de sementes, viveiro e mudas para reflorestamento. Sempre que pode, acompanha a soltura de quelônios na Reserva Biológica do Parazinho. “Me interessa muito a parte de conservação. Eu sou matas, tudo que diz respeito à floresta. Como surgiu esse curso de guarda-parque, para mim essa é uma oportunidade para eu me engajar ainda mais. Aprendi novas técnicas para
conservar mais as nossas florestas”.