Por Ecam
Oficina da Ecam impulsiona a atuação de liderança em Alagoas
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No final de março de 2024, Maria Célia, presidente da Associação Quilombola Vila de Santo Antônio, no município de Palestina, Alagoas, participou da Oficina de Comunicação e Engajamento promovida pela Ecam. O evento reuniu 30 participantes de diversos estados do Brasil, incluindo Pará, Amapá, Rio Grande do Norte, Alagoas, Bahia e Maranhão.
A capacitação teve como objetivo capacitar os presentes em técnicas essenciais de comunicação e engajamento. A oficina, que contou com a presença de lideranças quilombolas, destacou a importância da comunicação como ferramenta de empoderamento e transformação.
Maria Célia é uma líder notável em sua comunidade, atuando como presidente da Associação Quilombola e coordenando um grupo de 20 mulheres na produção de bolos que atendem o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB). Os bolos são produzidos dois dias da semana e doados ao Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), um compromisso que reflete sua dedicação e o espírito comunitário do grupo.
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Grupo de 20 mulheres do quilombo Vila de Santo Antônio trabalha na produção de bolos para iniciativa de assistência social.
A liderança ficou sabendo da Oficina de Comunicação e Engajamento por meio dos grupos da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas – (CONAQ) , nos quais participa ativamente. A proposta do curso chamou sua atenção, e ela se inscreveu com entusiasmo. “Aqui no meu quilombo, precisamos de pessoas com boa comunicação para trabalhar com meus irmãos”, comentou. Para ela, a comunicação eficaz é um caminho para o resgate da cultura quilombola.
A capacitação em comunicação e engajamento teve como objetivo apresentar aos participantes técnicas essenciais de comunicação e engajamento, visando ampliar sua capacidade de se comunicar com diferentes públicos e defender seus direitos, mostrando como a informação é uma ferramenta de empoderamento e transformação. Maria Célia se sentiu particularmente tocada pela explicação da advogada sobre os direitos dos quilombolas.
“O tempo todo, o que foi colocado dentro da oficina me chamou a atenção, porque sempre é coisa assim que acontece nos nossos quilombos, na nossa realidade. Uma das coisas que gostei foi quando entrou a advogada para explicar os direitos que nós, como lideranças quilombolas, temos. Como procurar nossos direitos, indo a um fórum, indo ao Ministério Público, como ela mostrou os caminhos, o passo a passo que a gente tem que fazer para exigir nossos direitos”, disse.
Participar da oficina não foi uma tarefa fácil para Maria Célia. A liderança enfrentou desafios significativos, desde a coincidência das datas do curso com a produção de bolos até a perda de um sobrinho, que a abalou profundamente. Além disso, uma forte chuva inundou sua casa, e ela, junto com sua família, teve que lidar com os estragos. Apesar dessas dificuldades, Maria Célia permaneceu focada e determinada. “Ficava na aula prestando atenção e, ao mesmo tempo, com a cabeça nos bolos, se estavam dando certo, mas graças a Deus as meninas deram conta”.
Aplicação do conhecimento no Quilombo
Maria Célia saiu da oficina com uma nova perspectiva sobre comunicação e engajamento e já começou a aplicar o conhecimento adquirido em sua comunidade e vem utilizando o material distribuído no curso para informar e educar seus companheiros e companheiras de luta, compartilhando as novidades de forma prática e acessível. “Botei no grupo de divulgação da associação quilombola a cartilha, o material que veio. Agora, quando surge um assunto em que posso dar minha opinião, já explico, me posiciono,” comentou a liderança.
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Para a liderança a comunicação eficaz é um caminho para o resgate da cultura quilombola.
A participação de Maria Célia na oficina de comunicação e engajamento reflete seu compromisso contínuo com a melhoria de sua comunidade e seu papel como líder quilombola. Ela é um exemplo de como o conhecimento e a formação podem transformar vidas e fortalecer as bases culturais e sociais das comunidades quilombolas.
Com planos de continuar aprendendo e se fortalecendo, Maria Célia acredita que a formação na Ecam foi crucial para seu desenvolvimento pessoal e para sua capacidade de apoiar a comunidade.
“Meus planos para o futuro são de aprender cada dia mais, porque sou curiosa. Enquanto entrar alguma coisa na minha cabeça quero aprender com fé em Deus. O curso da Ecam, foi muito importante para mim, me sinto mais forte para seguir em frente, para apoiar alguém no quilombo e dar uma palavra, porque com a formação aprendi, que mesmo com meus erros de português, eu vou saber explicar dentro da minha linguagem, do linguajar da minha comunidade, e que posso falar de comunicação de acordo com a minha cultura” finalizou.