27/04/2021

Por Ecam

Quilombolas realizam mapeamento de ações e instituições que incentivam agricultura familiar

Quilombolas realizam mapeamento de ações e instituições que incentivam agricultura familiar

Iniciativa de apoio à agricultura familiar está em seis estados do país

A iniciativa está mobilizando representantes quilombolas de seis estados e do Quilombo Mesquita (GO), na realização de levantamentos de ações e instituições que atuam com a agricultura familiar. O objetivo é criar uma rede de apoio e identificar iniciativas de fortalecimento das comunidades enquanto produtoras locais. Atualmente, a agricultura familiar representa a maior fonte de renda dessas populações. 

O mapeamento faz parte das ações do Diagnóstico Macro Situacional da Agricultura Familiar Quilombola, fruto da parceria entre Ecam, CONAQ e parceiros uma iniciativa desenvolvida para apoiar as comunidades quilombolas no acesso a políticas públicas e em suas atividade produtivas, que promovem a segurança alimentar, a geração de renda e apoiem na mitigação das mudanças climáticas e nas ações socioambientais.

O mapeamento foi realizado nos estados da Bahia, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais,  Paraíba, Tocantins e Quilombo Mesquita (GO) e surgiu devido a necessidade de levantar dificuldades e potencialidades dentro das comunidades quilombolas, assim como identificar o que o governo e instituições têm a oferecer de fortalecimento no âmbito da agricultura familiar. 

“Uma das nossas maiores dificuldades enquanto produtores quilombolas é o acesso à água e o pouco incentivo à produção, comercialização e demais processos, porque para uma comunidade desenvolver uma atividade produtiva, seja na agricultura familiar, seja em outros aspectos, precisa do apoio dessas instituições, por meio de seus projetos”, ressalta Josiel Ventura, representante quilombola do estado da Paraíba. 

Desta forma, os mapeamentos foram realizados em duas etapas: no primeiro levantamento,  cerca de 170 instituições foram mapeadas no âmbito federal e estadual – entre as instituições estão organizações governamentais e não governamentais, iniciativas privadas e movimentos sociais. Já no segundo levantamento, foram encontradas cerca de 270 ações de fortalecimento à agricultura familiar, entre projetos, políticas públicas, artigos e cartilhas. 

“Com os dados coletados, conseguiremos entender a atual situação de produção da agricultura familiar quilombola, os processos e dificuldades enfrentados por essas populações. Um dos objetivos é que essas informações possam ser usadas como fonte de pesquisa para comunidades, movimentos e demais interessados”, explica Meline Machado, coordenadora de projetos da Ecam. 

Além de coletar e sistematizar as informações, a ação visa também identificar e até mesmo criar uma rede de apoio entre as instituições, programas e ações, para deliberar sobre estratégias fundamentais que apoie os produtores quilombolas. “Esse mapeamento vai abrir horizontes para descobrir o que as comunidades produzem, quais são seus parceiros e quais as potencialidades existentes dentro de cada quilombo. Então a ação para nós, enquanto CONAQ, é muito importante porque vai ser fundamental pra gente criar um plano de gestão ambiental e territorial, de apoio à agricultura familiar” complementa Kátia Penha, coordenadora da CONAQ. 

A previsão é que esses e outros dados sobre as comunidades quilombolas e suas atividades, estejam disponíveis no Centro de Documentação Quilombola Ivo Fonseca Silva, que será lançado neste semestre. 

 

Veja alguns dados adquiridos nos mapeamentos estaduais e no Quilombo Mesquita:

Bahia cerca de 40  instituições e 147 ações mapeadas 

Entre elas: Central de Cooperativas e Economia Solidária da Bahia (Unisol) – Tem como compromisso organizar, representar e articular, de forma ampla e transparente, as cooperativas, associações e outros empreendimentos autogestionários da Economia Solidária, promovendo a inter cooperação, a igualdade social e econômica e o desenvolvimento sustentável.

É uma entidade que apoia muito as comunidades e agricultores quilombolas na produção e comercialização de seus produtos, sendo um mecanismo fundamental para assegurar a perenidade dos empreendimentos ”, José Ramos, representante quilombola da Bahia. 

Maranhão 55  instituições e 12 ações mapeadas 

Entre elas: Associação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas do Maranhão (ACONERUQ) – Tem como objetivo principal lutar conjuntamente com as comunidades negras rurais quilombolas pela titulação de suas terras.

“A ACONERUQ tem apoiado as comunidades com projetos relacionados à segurança alimentar nutricional, geração de renda nos territórios quilombolas e formação das comunidades”, Célia Pinto, representante quilombola do Maranhão. 

Mato Grosso 19  instituições e 16 ações mapeadas 

Entre elas: Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE)Organização não governamental que atua com desenvolvimento local, comunitário e associativo. Em suas ações, oferece oficinas de fortalecimento de grupos jovens e mulheres quilombolas, realizada pela Acorquirim com apoio da FASE. 

“A FASE tem feito um excelente trabalho com projetos, mapeamentos, palestras e outras ações voltadas às comunidades, na parte educacional e de resgate da cultura ”, Oildo Ferreira, representante quilombola do Mato Grosso. 

Minas Gerais 11  instituições e 20 ações mapeadas

Entre elas: EMATER – Empresa de Assistência técnica e Extensão Rural: (pública) – Atua diretamente com assistência técnica na produção, processamento e comercialização, e também na capacitação das organizações jurídicas da agricultura familiar. 

“A EMATER oferece muito suporte aos agricultores quilombolas, para acessar projetos relacionados à agricultura familiar.”, Maria Nilza, representante quilombola de Minas Gerais.

Paraíba 23  instituições e 49 ações mapeadas 

Entre elas:  Cooperativa Paraibana de Empreendimentos Econômicos Solidários (ECOSOL/Paraíba) – Atua dando suporte na comercialização de alimentos cultivados de forma sustentável e no fortalecimento das casas de economia solidária.

“A cooperativa atua diretamente com comunidades quilombolas que têm uma produção mais fixa de produtos da agricultura familiar, como é o caso do Quilombo Engenho do Bonfim, que comercializa junto a ECOSOL-PB, hortaliças, frutas, pimentas, cará, inhame. A cooperativa auxilia também na comercialização nas feiras livres”, Josiel Ventura, representante quilombola da Paraíba. 

Tocantins 10  instituições e 11 ações mapeadas 

Entre elas: Alternativa Para a Pequena Agricultura no Tocantins (APA-TO )Atua em parceria com agricultores familiares, utilizando os princípios da agroecologia para construir sistemas produtivos sustentáveis. 

“A APA-TO tem desenvolvido um papel fundamental, em parceria com a COEQTO, no suporte para a agricultura familiar, tanto para as comunidades que são urbanas como para as rurais, auxiliando na parte de documentações, produção e venda dos produtos.” Debora Lima, representante quilombola do Tocantins.  

Quilombo Mesquita 10  instituições e 12 ações mapeadas.

Entre elas:  Rede Rio São Bartolomeu de Mútua Cooperação (Rede Bartô) – Promove o desenvolvimento econômico e social e combate à pobreza mediante o desenvolvimento e execução de projetos socioambientais e culturais em comunidades urbanas e rurais.

“A Rede Bartô tem trabalhado muito as questões ambientais ao lado do nosso Quilombo. Atualmente, estamos com um trabalho para recuperação de áreas degradadas ”, Sandra Braga, representante quilombola do Quilombo Mesquita. 

 

Foto: banco de imagens Ecam

 

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