Por Ecam
Reunião define cronograma de atividades com os Tembé, no Pará
A Terra Indígena Alto Rio Guamá (TIARG) fica no sudeste do Pará. Uma área de 280.000 hectares, que reúne três etnias. Entre elas os Tenetehara, também conhecidos por Tembé. A Equipe de Conservação da Amazônia (Ecam) trabalha na TIARG desde 2013. Em parceria com os Tembé e com outras instituições, foram desenvolvidos projetos de Mapeamento Cultural, Diagnóstico Etnoambiental, Formação de Agentes Ambientais Indígenas e o Plano de Gestão Ambiental e Territorial, por exemplo.
Para planejar os próximos passos, ocorreu nos dias 23 e 24 de fevereiro, uma reunião com as lideranças da TIARG, na aldeia Teko-Haw. Foram agendadas capacitações de informática, administração, direito e gestão de projetos para as associações. Além disso, foram apontadas definições para as expedições de vigilância, que ocorrerão no decorrer do ano de 2016.
No dia 25, um grupo visitou áreas da TIARG que foram afetadas por incêndios no final do ano de 2015. Ainda não se sabe a porcentagem da área atingida, mas já é possível sentir as consequências dessas queimadas descontroladas. “Lideranças Tembé comentaram que perderam muitos animais e plantas importantes para a subsistência de suas comunidades. As queimadas se espalharam por áreas em toda a TIARG, inclusive áreas de floresta. As lideranças indígenas relataram que fizeram denúncias sobre os incêndios, mas nada foi feito para contê-los por parte das instituições governamentais. Um processo semelhante ocorreu também no ano passado na Terra Indígena Araribóia, que perdeu mais de 45% de floresta”, comenta Meline Cabral, geógrafa da Ecam.
O ponto mais importante discutido durante a reunião diz respeito à desintrusão de parte do território da TIARG. Essa questão é central para os Tembé. Desde 2013 decisões judiciais já garantem a saída de invasores da TIARG, mas essas decisões não têm sido colocadas em prática. “É fundamental montar um planejamento de ações para a desintrusão do território de forma conjunta com as instituições e a comunidade. Os Tembé, na construção de seu Plano de Gestão Ambiental e Territorial, propõem diversos projetos e usos que garantam a sua sobrevivência, e isso também depende de terem de fato, e não apenas de papel, o domínio sobre a TIARG”, afirma Meline.