03/07/2024

Por Danielle Oliveira

Oficina da Ecam impulsiona a atuação de liderança em Alagoas

Oficina da Ecam impulsiona a atuação de liderança em Alagoas

No final de março de 2024, Maria Célia, presidente da Associação Quilombola Vila de Santo Antônio, no município de Palestina, Alagoas, participou da Oficina de Comunicação e Engajamento promovida pela Ecam. O evento reuniu 30 participantes de diversos estados do Brasil, incluindo Pará, Amapá, Rio Grande do Norte, Alagoas, Bahia e Maranhão. 

A capacitação teve como objetivo capacitar os presentes em técnicas essenciais de comunicação e engajamento. A oficina, que contou com a presença de lideranças quilombolas, destacou a importância da comunicação como ferramenta de empoderamento e transformação.

Maria Célia é uma líder notável em sua comunidade, atuando como presidente da Associação Quilombola e coordenando um grupo de 20 mulheres na produção de bolos que atendem o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB). Os bolos são produzidos dois dias da semana e doados ao Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), um compromisso que reflete sua dedicação e o espírito comunitário do grupo.

Grupo de 20 mulheres do quilombo Vila de Santo Antônio trabalha na produção de bolos para iniciativa de assistência social.

A liderança ficou sabendo da Oficina de Comunicação e Engajamento por meio dos grupos da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas – (CONAQ) , nos quais participa ativamente. A proposta do curso chamou sua atenção, e ela se inscreveu com entusiasmo. “Aqui no meu quilombo, precisamos de pessoas com boa comunicação para trabalhar com meus irmãos”, comentou. Para ela, a comunicação eficaz é um caminho para o resgate da cultura quilombola.

A capacitação em comunicação e engajamento teve como objetivo apresentar aos participantes técnicas essenciais de comunicação e engajamento, visando ampliar sua capacidade de se comunicar com diferentes públicos e defender seus direitos, mostrando como a informação é uma ferramenta de empoderamento e transformação. Maria Célia se sentiu particularmente tocada pela explicação da advogada sobre os direitos dos quilombolas. 

“O tempo todo, o que foi colocado dentro da oficina me chamou a atenção, porque sempre é coisa assim que acontece nos nossos quilombos, na nossa realidade. Uma das coisas que gostei foi quando entrou a advogada para explicar os direitos que nós, como lideranças quilombolas, temos. Como procurar nossos direitos, indo a um fórum, indo ao Ministério Público, como ela mostrou os caminhos, o passo a passo que a gente tem que fazer para exigir nossos direitos”, disse.

Participar da oficina não foi uma tarefa fácil para Maria Célia. A liderança enfrentou desafios significativos, desde a coincidência das datas do curso com a produção de bolos até a perda de um sobrinho, que a abalou profundamente. Além disso, uma forte chuva inundou sua casa, e ela, junto com sua família, teve que lidar com os estragos. Apesar dessas dificuldades, Maria Célia permaneceu focada e determinada. “Ficava na aula prestando atenção e, ao mesmo tempo, com a cabeça nos bolos, se estavam dando certo, mas graças a Deus as meninas deram conta”.

Aplicação do conhecimento no Quilombo

Maria Célia saiu da oficina com uma nova perspectiva sobre comunicação e engajamento e já começou a aplicar o conhecimento adquirido em sua comunidade e vem utilizando o material distribuído no curso para informar e educar seus companheiros e companheiras de luta, compartilhando as novidades de forma prática e acessível. “Botei no grupo de divulgação da associação quilombola a cartilha, o material que veio. Agora, quando surge um assunto em que posso dar minha opinião, já explico, me posiciono,” comentou a liderança.

Para a liderança a comunicação eficaz é um caminho para o resgate da cultura quilombola.

A participação de Maria Célia na oficina de comunicação e engajamento reflete seu compromisso contínuo com a melhoria de sua comunidade e seu papel como líder quilombola. Ela é um exemplo de como o conhecimento e a formação podem transformar vidas e fortalecer as bases culturais e sociais das comunidades quilombolas.

Com planos de continuar aprendendo e se fortalecendo, Maria Célia acredita que a formação na Ecam foi crucial para seu desenvolvimento pessoal e para sua capacidade de apoiar a comunidade. 

“Meus planos para o futuro são de aprender cada dia mais, porque sou curiosa. Enquanto entrar alguma coisa na minha cabeça quero aprender com fé em Deus. O curso da Ecam, foi muito importante para mim, me sinto mais forte para seguir em frente, para apoiar alguém no quilombo e dar uma palavra, porque com a formação aprendi, que mesmo com meus erros de português, eu vou saber explicar dentro da minha linguagem, do linguajar da minha comunidade, e que posso falar de comunicação de acordo com a minha cultura” finalizou.

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