Por Ecam
CAPACITAÇÃO EM COMUNICAÇÃO E ENGAJAMENTO FORTALECE TERRITÓRIOS QUILOMBOLAS
A troca de experiências entre os participantes fortalece o protagonismo das comunidades e consolida a comunicação como um instrumento de luta.
Marluce Coelho, de 29 anos, nascida e criada no quilombo de Nova Vista do Ituqui, no município de Santarém, Pará, é uma ativista social e mobilizadora dedicada. Desde jovem, ela atua para fortalecer a voz dos quilombolas, defendendo seus direitos e promovendo o bem-estar nos territórios por meio do desenvolvimento de iniciativas relacionadas à luta por políticas públicas e direitos humanos.
“Foi na Pandemia, em meio às incertezas de sobrevivência e a incerteza do dia de amanhã, que brotou o projeto Omulu-Terra de Quilombo. Nossa única vontade era ajudar e levar alegria a quem estava distante e sentido a escassez da fome e sem informação de como se cuidar de um vírus que estava matando milhares de pessoas no mundo todo.”
Desde 2019, Marluce atua diretamente na Federação das Organizações Quilombolas de Santarém (FOQS). A entidade representa os 12 territórios quilombolas do município e luta pela consolidação de políticas públicas e pelo bem-estar das localidades. Com 16 anos de atuação, a federação desenvolve três linhas de trabalho:
- Cultura: por meio do Ponto de Cultura Kizomba;
- Empoderamento Feminino: com o Grupo de Mulheres na Raça e na Cor;
- Saúde: por meio do Projeto Omulu – Cuidando de Vidas Ancestrais.
Marluce é coordenadora do Projeto Omulu, uma iniciativa que reflete sobre a vida e sua coletividade. O Projeto Omulu foi idealizado em 2019, em resposta à epidemia de COVID-19, com o objetivo de promover ações humanitárias e informativas nos 12 territórios quilombolas de Santarém/Pará. Durante a pandemia, a iniciativa atuou em duas frentes:
- Ações humanitárias: garantindo a segurança alimentar e nutricional das famílias quilombolas;
- Sensibilização e informação: distribuindo cestas de alimentos, kits de higiene e limpeza, além de material informativo sobre o coronavírus.
O projeto também envolveu jovens quilombolas, capacitando-os na construção de ferramentas comunicacionais para monitoramento e sistematização dos dados relativos à COVID-19 nos territórios quilombolas.
Em 2021, o projeto passou por uma reestruturação, desenvolvendo três linhas de ação:
- Omulu em Ação: ações itinerantes de Saúde e Cidadania no Quilombo;
- Omulu Solidário: retomando a ação humanitária e informativa inicial;
- Tecendo o Bem Viver no Quilombo: discutindo saúde e o racismo ambiental.
“Participar da oficina da Ecam foi de suma importância para buscar estratégias de qualificar a comunicação comunitária desenvolvida pelo projeto e principalmente porque capacitações assim ajudam a fortalecer a ciranda dos sonhos coletivos. Este ano, gostaria de colocar em prática, em parceria com outros jovens, um diálogo que começou no ano passado, o coletivo de comunicadores quilombolas, visando o fortalecimento dos territórios quilombolas através da educomunicação. O aprendizado acabou vindo no momento certo.”
Marluce acredita que a comunicação é um instrumento fundamental para a defesa e a resistência dos territórios quilombolas. Por meio da comunicação, os quilombolas podem contar suas histórias, lutar por seus direitos e construir um futuro mais justo e digno.
Oficina de Comunicação e Engajamento
A Oficina de Comunicação e Engajamento realizada pela Ecam, visou fortalecer a voz das comunidades quilombolas e dos defensores de direitos humanos. A iniciativa realizada de forma online, mobilizou cerca de 30 participantes dos estados do Pará, Amapá, Rio Grande do Norte, Alagoas, Bahia e Maranhão. A capacitação teve como objetivo apresentar aos participantes técnicas essenciais de comunicação e engajamento, visando ampliar sua capacidade de se comunicar com diferentes públicos e defender seus direitos, mostrando como a informação é uma ferramenta de empoderamento e transformação.
Saiba mais em: https://bit.ly/3VRc0H9