15/12/2015

Por Ecam

Google Earth e os povos da floresta compartilhando novas tecnologias

Google Earth e os povos da floresta compartilhando novas tecnologias

Os pontos de partida foram muitos. Há quem veio do interior do Pará, do Mato Grosso, do Amazonas e de Rondônia. Outros de São Paulo, Brasília, Boa Vista ou Macapá. Também de lugares mais distantes, como a Califórnia, nos Estados Unidos. Mas o destino era comum: estar em Porto Velho para a realização da I Oficina de Novas Tecnologias e Povos Tradicionais.

De 07 a 11 de dezembro indígenas, quilombolas, extrativistas, técnicos e representantes de diversas instituições participaram do encontro, que discutiu o uso aplicado de novas tecnologias em atividades de  monitoramento e mapeamento de áreas protegidas, contribuindo para a defesa do território dos povos da floresta. Este projeto  é resultado de uma parceria entre a Associação do Povo Paiter Suruí Metareilá e a Google Earth Solidário. Também são parceiros a Associação de Defesa Etnoambiental (Kanindé), o Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesam) e a Equipe de Conservação da Amazônia (Ecam). Apoiam a iniciativa Natura, Fundação Cultural Palmares e Porto Velho + Sustentável.

A oficina contou com dois grupos de trabalho. O primeiro, abordou o uso da ferramenta (ODK) em ações de monitoramento. O ODK tem código aberto e permite criar formulários, que serão usados  a partir de celulares para coletar dados. Além disso, também sistematiza as informações coletadas. Durante as atividades, foram apresentadas as etapas para a construção dos formulário. Ao final, cada grupo de trabalho saiu com seu formulário pronto para ser usado em campo.

O segundo grupo trabalhou a produção de mapas culturais usando a plataforma do Google Earth como base.  Um mapa cultural é construído em conjunto e indica locais de interações, conhecimentos ecológicos e históricos de cada povo em seu território. Na oficina, foi discutido como inserir esses pontos de referência na plataforma do Google Earth. Interativamente e com os devidos equipamentos, já em campo as informações coletadas podem ser inseridas na plataforma, gerando um mapa cultural de imediato.

Após esta primeira oficina, os participantes terão de 3 meses para realizarem as atividades de campo, coletando os dados necessários para o monitoramento e para os mapas culturais. Em maio, uma nova oficina reunirá o grupo. Oportunidade para discutir os resultados e desafios enfrentados. Durante a pequena cerimônia que encerrou a oficina,  Rebecca Moore, presidente da Google Earth Solidário, agradeceu a todos os envolvidos no projeto. “Muito obrigada por abraçarem esse time e compartilharem suas histórias com eles. Boa sorte para os próximos passos, levando todo esse conhecimento para as comunidades de vocês. Contem com a gente”, enfatizou Rebecca.

E os participantes, o que acharam?

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Fábio Veilatti, associado do Projeto Reca, em Rondônia – “Nós desenvolvemos um trabalho com sistemas agroflorestais. É uma experiência exitosa,  que tem crescido e tem contribuído muito para a vida das família que ali vivem, famílias essas que são oriundas de todas as partes do Brasil. A gente veio aqui para a I Oficina de Novas Tecnologias e Povos Tradicionais porque a gente viu nessa oportunidade muito do que a gente espera ter  hoje lá na nossa associação, informações que possam nos ajudar a pensar o presente e o futuro . Estamos em um momento importante de transformação, de mudança e de crescimento e nós precisamos muito de uma ferramenta como essas que nós estamos vendo aqui nesse curso. Ferramentas que possam unir as informações e que essas informações possam dizer alguma coisa para os nossos gestores, organizando melhor o dia a dia e o futuro da nossa associação”.

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Claudinete Cole, coordenadora da Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombo do Município de Oriximiná, Pará (ARQMO) e moradora da comunidade Boa Vista, no rio Trombetas, Pará – “Estou aqui hoje pelo convite que recebemos através da Ecam. Essa é uma formação para a gente aprender e levar esse aprendizado para as nossas comunidades, e debater com eles como é melhor de ser aplicado, como fazer, e futuramente até ensinar. Envolve também uma questão de gestão dos nossos territórios. Uma ferramenta dessas do Google, lá dentro de um quilombo, lá em uma área remota, onde a gente vai poder mapear  nossa comunidade, as famílias, o território, a gestão, isso é importante para nós. Até então a gente não tem nada disso. Agora a gente já vai sair daqui sabendo como fazer, e não esperar que outros façam.  A gente mesmo se capacitou para fazer isso”.

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Tariaiup Kayabi, da Aldeia Samauma, em Querência, Mato Grosso – “A gente veio para cá, para participar da oficina, pra gente aprender uma ferramenta  que pode nos ajudar a fazer, construir ou então fazer tipo de livro com as nossas histórias mesmo. Essas histórias estão dentro de nossos historiadores e a gente pretende usar essas ferramentas para trazer para dentro de um programa que pode guarda também para nós e futuramente a gente mostrar para nosso filhos e nosso netos.  Estou aqui indicado por um grupo que está fazendo um curso de mapeamento lá no Xingu também, com a responsabilidade de aprender e passar para eles assim que eu voltar para a aldeia. Meu desafio é aprender bem mesmo”.

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